Por Jornal Hoje, GloboNews e G1 SP — São Paulo


‘Brasil terá 60 milhões de doses de vacina contra Covid-19’, diz diretor do Butantan

‘Brasil terá 60 milhões de doses de vacina contra Covid-19’, diz diretor do Butantan

O estado de São Paulo iniciou nesta semana a aplicação em voluntários de uma das vacinas contra o coronavírus que foram autorizadas pela Anvisa a serem testadas no país. A chamada Coronavac é uma parceria entre o laboratório chines Sinovac e o Instituto Butantan e está na terceira fase de testes, última etapa necessária antes de ser aprovada.

O governo de São Paulo afirma que, caso a vacina seja comprovada eficaz, serão distribuídas 120 milhões de doses para o Brasil pelo laboratório chinês, mas os termos do acordo com a empresa que garantem esse repasse não foram divulgados pela gestão João Doria (PSDB). O montante seria suficiente para imunizar 60 milhões de brasileiros, já que cada pessoa deve tomar duas doses.

"A declaração conjunta do Butantan e a Sinovac é um instrumento sigiloso. Um acordo que envolve aspectos tecnológicos comerciais e assim por diante. Mas você tem acesso à manifestação conjunta da Sinovac e do Butantan reportando o que contém no acordo", afirmou o diretor do Instituto Butantan Dimas Covas ao Jornal Hoje.

Em junho, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) cobrou detalhes do acordo e o governo respondeu ao tribunal que não foram feitos repasses em dinheiro para a Sinovac Biotech e que não há previsão de nenhum repasse, mas não deu detalhe do acordo que diz ter firmado com a empresa chinesa.

Caso a vacina dê certo, o governo também afirma que uma fábrica está sendo adaptada no Instituto Butantan para a produção de mais 100 milhões de doses anuais em território nacional.

Em entrevista à GloboNews, Dimas Covas assegurou que os brasileiros terão doses garantidas da vacina, caso ela passe pelo último teste clínico.

"Vai ter vacina pra todos os brasileiros. Nós já temos em andamento 60 milhões de doses [duplas] desse acordo. Obviamente, dependemos desse estudo clínico. Nesses estudo está a esperança de ser concluído muito rapidamente. E o Brasil tem grandes chances de ser o primeiro país do mundo a usar em massa essa vacina", afirmou.

Vacinas contra o coronavírus: como o Brasil vai usufruir dessa tecnologia?

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De acordo com o diretor, o acordo com a Sinovac não prevê apenas transferência de tecnologia para a produção da vacina, mas uma parceria de desenvolvimento.

"Esse acordo com a Sinovac não é um acordo puro e simples de transferência, é uma parceria, onde nós estamos co-desenvolvendo essa vacina. O Butantan é responsável pela fase final de desenvolvimento dessa e daí o nosso otimismo em relação a termos essa vacina já no começo do próximo ano e produzi-la em meados do ano que vem."

Embalagem da vacina Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac, que será testada em 9 mil voluntários no Brasil — Foto: Divulgação/Governo de SP

Coronavac

Voluntários de São Paulo começam a receber a vacina chinesa contra o coronavírus nesta terça-feira (21) no Hospital das Clínicas (HC). Inicialmente, o governo estadual havia anunciado que os teste começariam já nesta segunda-feira (20), mas houve atraso para liberação das doses no aeroporto.

Em todo o Brasil, 9 mil profissionais da saúde devem participar desta fase de testes em 12 centros de pesquisa cadastrados. A primeira dose foi aplicada nos funcionários do HC. Daqui a 14 dias, a segunda dose será aplicada e, durante esse período, os voluntários serão acompanhados por médicos.

O governo de São Paulo estima que a terceira fase de testes da vacina chinesa seja concluída em 90 dias. “Os pesquisadores do Hospital das Clínicas vão analisar os voluntários em consultas marcadas a cada duas semanas. A estimativa é concluir todo o estudo da fase três de testes da Coronavac em até 90 dias”, afirmou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

De acordo com o governador João Doria (PSDB), se os testes foram bem sucedidos, a fabricação da vacina no Brasil começa a ser produzida o início de 2021.

"Se tivermos sucesso, como esperamos ter, a vacina será produzida aqui no Instituto Butantan já no início do próximo ano com mais de 120 milhões de doses. A vacina será destinada a todos os brasileiros, não apenas aqueles que são de São Paulo, e isso será feito através do SUS. O Butantan terá todo o domínio da tecnologia."

De acordo com o governo estadual, o Instituto Butantan está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A capacidade de produção anual será de até 100 milhões de doses.

Apenas profissionais de saúde que estejam atuando diretamente no combate à Covid-19 poderão participar da terceira fase de testes da vacina contra o novo coronavírus. Outros pré-requisitos são que os voluntários não tenham se contaminado pela doença anteriormente, mulheres não estejam grávidas ou planejem engravidar nos próximos três meses, e que os voluntários morem perto de um dos 12 centros de pesquisa que conduzirão o projeto.

Tipo de vacina

A vacina da Sinovac Biotech já foi aprovada para testes clínicos na China. Ela usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização.

Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).

Ela implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado. Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.

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