Por G1 PR


Presidente da Sociedade Brasileira de infectologia fala sobre a dexametasona

Presidente da Sociedade Brasileira de infectologia fala sobre a dexametasona

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Arns da Cunha, afirmou, nesta sexta-feira (19), que é recomendável o uso de um corticoide barato em casos graves de Covid-19 para pacientes entubados ou internados na UTI com pneumonia grave e baixa oxigenação.

A recomendação da dexametasona, que também foi publicada em um informativo da SBI a médicos, foi feita após pesquisadores da Universidade de Oxford anunciarem a eficácia do medicamento em tratamentos de casos severos da doença a partir de dados preliminares de uma pesquisa.

O remédio, entretanto, NÃO mostrou benefícios em pacientes que não precisaram de suporte de oxigênio. Ou seja, não se mostrou eficaz em casos leves e nem como prevenção.

"É a melhor notícia que temos desde o início da pandemia. Os médicos já estão usando e isso pode salvar muitas vidas se administrado da maneira correta, como indica a pesquisa de Oxford", afirmou Arns da Cunha.

Automedicação pode diminuir defesa do corpo e agravar complicações da Covid-19

Na quarta-feira (17), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e o diretor de emergências da organização, Michael Ryan, alertaram que usar corticoides podem reduzir a imunidade e trazer complicações de outras doenças já existentes ou até mesmo o surgimento de novas, alertam os especialistas.

"Não é uma prevenção. Na verdade, esteroides, principalmente esteroides poderosos, podem ser associados à replicação viral. Em outras palavras, eles podem facilitar a divisão e a replicação do vírus", disse Michael Ryan

"Então, é excepcionalmente importante, neste caso, que essa droga seja reservada a pacientes gravemente doentes, que podem se beneficiar dessa droga, claramente. Isso é uma ótima notícia, mas é parte da resposta de que nós precisamos clinicamente. Oxigênio, ventilação, o uso de antivirais, o uso de esteroides – e achar uma combinação de terapias que nos permita salvar a maior quantidade possível de pacientes", explicou Ryan.

Apesar dos dados finais do estudo não terem sido publicados ainda, o presidente da SBI afirmou que os moldes da pesquisa justificam a recomendação do uso para os casos graves.

"Estamos em uma guerra contra o vírus, são milhares de vidas em risco. Foram estudos clínicos randomizados, com grupo de controle, com mais de 4 mil pessoas. É o maior estudo feito desde o início da pandemia", disse.

Estudo mostrou queda na mortalidade em casos de pacientes em estado grave. — Foto: Yves Herman/Reuters

Pesquisa

Os resultados completos serão tornados públicos brevemente, de acordo com os cientistas. O estudo foi feito com mais de 2.000 pacientes que receberam o medicamento, e foram comparados a 4.300 que receberam os cuidados de praxe.

Para os pacientes que estão em aparelhos respiradores, o risco de morte cai de 40% para 28%. Entre os que recebem oxigênio, a chance de morrer se reduziu de 25% para 20%.

O estudo também foi feito com outros remédios e, no início deste mês, mostrou que a hidroxicloroquina, um medicamento contra a malária, não apresenta benefícios contra o coronavírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ter recebido o estudo preliminar, cumprimentou os envolvidos na pesquisa e diz que vai realizar uma análise quando receber o estudo completo nos próximos dias.

A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) do Paraná afirmou que aguarda a orientação por parte do Ministério da Saúde no que diz respeito à atualização das diretrizes para o diagnóstico e tratamento da Covid-19.

Segundo a Prefeitura de Curitiba, não há protocolo que indique uso do medicamento para tratamento dos pacientes.

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