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Por Jornal Nacional


Bolivianos se arriscam por rotas clandestinas para conseguir atendimento médico no Brasil

Bolivianos se arriscam por rotas clandestinas para conseguir atendimento médico no Brasil

Bolivianos têm atravessado clandestinamente a fronteira em busca de atendimento para Covid-19 em Mato Grosso do Sul.

Seu Everaldo é de Santa Cruz de la Sierra, cidade boliviana a 650 quilômetros da fronteira. Ele foi diagnosticado com Covid-19 e ficou internado por quatro dias na Santa Casa de Corumbá, em Mato Grosso do Sul.

Médico: "O senhor veio pela fronteira?"

Paciente: "Vim pela fronteira".

Médico: "Se ficasse lá, como é que está lá Bolívia? Está muito difícil a situação lá?"

Paciente: "Muito difícil".

Médico: "Não há tratamento?"

Paciente: "Não há tratamento".

A fronteira do Brasil com a Bolívia está fechada desde março por causa da pandemia. Em busca de atendimento médico, muitos bolivianos se arriscam por rotas clandestinas. A Polícia Federal deportou mais de 200 pessoas nos últimos três meses.

“A nossa fronteira é muito extensa. Tem muitos pontos de entrada. Não é uma ponte. Não é uma coisa fácil de ser fiscalizada. Existem várias trilhas pela fronteira, vários pontos de difícil acesso e, em alguns deles, eles tentam entrar por ali”, conta Alan Givid, delegado da Polícia Federal de Corumbá.

A Santa Casa de Corumbá é o único hospital de referência da região de fronteira com a Bolívia que recebe pacientes pelo SUS. Com o avanço do coronavírus, a estrutura fica cada dia mais comprometida.

A direção da Santa Casa diz que o medo de não conseguir atendimento pelo SUS faz os bolivianos mentirem o nome e o endereço ao darem entrada na unidade. A preocupação é que o hospital tem apenas 20 leitos de UTI e a taxa de ocupação está em 65%.

Corumbá registrou 14 mortes por Covid-19; três eram pacientes bolivianos. Para o diretor-clínico do hospital, Manoel João, o atendimento aos estrangeiros é uma questão de humanidade.

"Qualquer nacionalidade que chegar aqui, principalmente boliviano, no hospital será atendido. Com o mesmo carinho, da mesma forma que os brasileiros são. Isso é lei, inclusive.

A Secretaria de Saúde de Corumbá afirmou que tem a obrigação constitucional de prestar atendimento a qualquer pessoa, inclusive estrangeiros, mas que busca apoio de órgãos responsáveis pela fiscalização para impedir a entrada clandestina deles.

A Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul declarou que está dando apoio para a prefeitura de Corumbá.

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