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Por Daniela Chiaretti — De São Paulo


A Cúpula de Líderes Climáticos que começa hoje indica mais do que a tentativa dos Estados Unidos de voltarem a assumir a liderança na geopolítica climática. O primeiro grande evento internacional de Joe Biden pode sinalizar o início de uma revolução energética e científico-tecnológica que irá moldar a maior economia do mundo nas próximos anos.

Espera-se que Biden, ao abrir o evento, anuncie a nova meta climática dos EUA. A expectativa é que seja um corte de 50% nas emissões de gases-estufa do país, em relação ao volume emitido em 2005. A meta é para 2030 e significará praticamente duplicar o esforço atual. O presidente Barack Obama se comprometeu, em 2015, com um corte de 26% a 28% em 2025.

Biden anunciará o número, mas depois sua equipe terá que dizer como os EUA chegarão lá. Planos setoriais estarão na nova NDC, sigla em inglês para os compromissos climáticos que os países apresentam às Nações Unidas.

O democrata se comprometeu em descarbonizar a economia americana até 2050. Este movimento se fundamenta em dois pilares. No primeiro, promove a transformação da matriz energética a partir de recursos públicos. O setor elétrico, por exemplo, será livre em carbono até 2035. Não é um esforço trivial. A maior parte das emissões americanas vem da matriz energética baseada em petróleo e da agricultura.

No segundo alicerce, Biden pretende editar políticas públicas e conseguir que o setor privado o ajude a investir maciçamente em ciência e tecnologia de baixo carbono. “Biden quer dar grande impulso à ciência e tecnologia, algo similar ao que se viu no segundo governo Eisenhower e Kennedy, quando os EUA queriam competir com os soviéticos na corrida espacial”, diz Eduardo Viola, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e especialista em política americana.

O caminho a ser trilhado nos próximos oito anos está no plano Biden de infraestrutura de US$ 2,25 trilhões. O “Plano de Emprego Americano”, apresentado pela Casa Branca em março, tem que ser aprovado pelo Congresso. Mas ali estão as pistas de como os EUA pretendem alcançar a meta de descarbonizar sua economia pela metade em nove anos.

O plano prevê, por exemplo, 100% de eletricidade limpa, sem emissão de carbono, até 2035. Pretende construir, preservar e modernizar dois milhões de prédios comerciais, casas, escolas, edifícios da administração pública e hospitais e servi-los com eletricidade produzida a partir de fontes renováveis ou eficiência energética.

A profunda transformação na matriz energética pretendida por Biden será chave para mudanças nos transportes. A intenção é subsidiar a construção de 500 mil postos de carregamento para veículos elétricos e espalhá-los pelo país. Nas cidades com mais de 100 mil habitantes, fornecer transporte público eletrificado. Outro ponto é aumentar a rede de ferrovias - também eletrificada e alimentada com energia livre de carbono.

“Os EUA aumentarão a contribuição da energia eólica e solar na matriz elétrica, porque esta é a transformação fundamental”, diz Viola, que também é pesquisador-senior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Biden, contudo, não se comprometeu com o fim do gás de xisto, que possibilitou que os EUA, na gestão Obama, reduzissem drasticamente o uso de carvão. Era uma demanda da ala mais à esquerda dos democratas, mas que ele não quis atender. “Gás é um combustível fóssil de transição”, diz Viola. Ele lembra que no plano democrata há também forte aposta em hidrogênio.

Há também propostas de intensificar a agricultura de baixo carbono e continuar com o intenso reflorestamento do território americano. “Biden quer um Estado muito mais presente na economia”, destaca Viola. Para a estratégia funcionar - que inclui diminuir a desigualdade e a pobreza e melhorar a educação-, é fundamental que os democratas consigam ganhar as duas próximas eleições e se manter no poder por, no mínimo 12 anos. “Isso garantirá a mudança. Mas o trumpismo é muito forte nos EUA”.

A julgar pela agenda liberada ontem pelo Departamento de Estado dos EUA, todos os líderes climáticos irão participar. O presidente chinês Xi Jinping confirmou presença, a despeito da tensão comercial e estratégica entre os dois países. A China é o maior emissor de gases-estufa do mundo. A mensagem é que, apesar das diferenças em outros assuntos, chineses e americanos entendem que mudança do clima é uma crise global e concordam em cooperar.

“A presença do presidente Xi Jinping indica que há muito espaço de cooperação com os EUA”, diz Mark Lutes, especialista em clima do WWF Internacional. Ele lembra, contudo, que o plano quinquenal chinês, o primeiro lançado depois de a China prometer ser neutra em carbono até 2060, ainda estimula muito o uso de carvão.

Entre os 40 chefes de governo estão os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha), Mario Draghi (Itália), Vladimir Putin (Rússia), Boris Johnson (Reino Unido) e Ursula von der Leyen (Comissão Europeia). Todos os nomes-chave do gabinete de Biden estão na Cúpula, além de empresários e presidentes de entidades financeiras.

O discurso de Jair Bolsonaro será ouvido atentamente. Mas os EUA querem planos e metas, além de palavras. As florestas tropicais são elementos-chave na questão climática e a proteção da Amazônia é central na discussão global.

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