Por Milena Castro*, G1 DF


Médico do DF Werciley Saraiva Júnior, de 36 anos, comemora recuperação — Foto: Karina Zambrana/HSLS

O médico Werciley Saraiva Júnior, de 36 anos, faz parte do grupo de pacientes recuperados da Covid-19. Ele recebeu alta no último domingo (24) após passar 13 dias internado em um hospital particular do Distrito Federal.

Durante o tratamento, o infectologista foi cuidado por profissionais de saúde treinados por ele, que é chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul.

“Equipe, fiz o test drive, e vocês estão de parabéns!”, disse o médico ao deixar o hospital.

Werciley comemora recuperação ao lado dos colegas de profissão — Foto: Karina Zambrana/HSLS

Na unidade de saúde, antes de ser diagnosticado com a doença, Werciley montou uma área exclusiva para tratamento de pacientes com a Covid-19 (saiba mais abaixo), mas, em pouco tempo, teve que deixar as funções de lado e, de cuidador, passou a paciente.

No DF, segundo o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), havia 105 médicos infectados pelo novo coronavírus até esta quarta-feira (27).

De médico à paciente

Equipe médica homenageia colega curado da Covid-19, no DF

Equipe médica homenageia colega curado da Covid-19, no DF

Como chefe da ala que atende pacientes com a Covid-19 no hospital, Werciley foi um dos responsáveis por criar o setor de internação exclusivo para esses casos.

Para o infectologista, a equipe que ele capacitou foi responsável por ajudá-lo a vencer a doença. “Hoje digo, venci a Covid-19! Mas isso só foi possível pela competência técnica da equipe médica, equipe de enfermagem, fisioterapeutas e dentistas”, afirma.

No dia em que o colega recebeu alta, a equipe do hospital fez um vídeo com mensagens de carinho e conforto para Werciley (veja acima). "Só isolamento talvez não resolva, então são medidas associadas: usar máscaras, higiene de mãos e se manter em isolamento”.

“É uma doença que não deve ser menosprezada.”

Médico do DF Werciley Saraiva Júnior, de 36 anos, comemora recuperação — Foto: Karina Zambrana/HSLS

Werciley Saraiva tem umas das doenças apontadas como fator de risco: obesidade. Ele sentiu os sintomas no mesmo dia que foi internado e passou pelo estágio mais grave da infecção.

Depois de sair da intubação, ele descobriu que a mulher também teve a doença, no entanto, com sintomas mais brandos. O casal não sabe onde e como foi contaminado.

Werciley lembra que no dia 5 de maio trabalhou sem sentir qualquer sintoma. Porém, ao chegar em casa, teve febre e, logo em seguida, falta de ar e cansaço. Ele optou por voltar para o hospital para fazer exames.

Na unidade, o teste rápido para a Covid-19 deu negativo, mas havia alterações na tomografia e, por isso, ele ficou em observação. O quadro clínico do médico evoluiu rápido e 24 horas depois da entrada no hospital, Werciley já estava com sintomas mais intensos de falta de ar, quando precisou ser intubado.

'13 dias para uns, 5 minutos para outros'

Sobre a doença, o médico conta que não lembra do período em que esteve internado, porque um dos efeitos colaterais do sedativo usado é a amnésia. No entanto, 13 dias depois, Werciley conta que acordou 20kg mais magro e precisando da ajuda de profissionais para fazer atividades simples, como comer.

“Tinha em mente a certeza de sucesso, e os 13 dias de intubação significaram para mim apenas 5 minutos, pois não lembro de absolutamente nada”, comenta.

Assim que deixou os aparelhos, o infectologista começou o processo de reabilitação, porque havia passado muitos dias deitado e sem movimentar diferentes músculos do corpo.

Primeiro ele trabalhou com fonoaudiólogos, para melhorar a fala, e com fisioterapeutas. Agora, o processo é para fortalecer os músculos. Mesmo após a alta, o médico não consegue ficar em pé por muito tempo.

Para poder voltar a trabalhar, Werciley está focado em ganhar massa muscular e corrigir o fator de risco, a obesidade. “Eu já passei a quarentena de 14 dias que a gente tem que seguir, mas eu acredito que ainda preciso de 7 a 10 dias para ganhar força muscular para sair para trabalhar”, conta.

*Sob supervisão de Maria Helena Martinho

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