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'Já mandei cancelar, o presidente sou eu', diz Bolsonaro sobre compra da vacina Coronavac

Presidente criticou suposta obrigatoriedade da vacina e disse que decisão cabe ao Ministério da Saúde
Presidente Jair Bolsonaro diz que mandou cancelar compra da Coronavac, vacina de origem chinesa Foto: Reprodução G1
Presidente Jair Bolsonaro diz que mandou cancelar compra da Coronavac, vacina de origem chinesa Foto: Reprodução G1

SÃO PAULO — O presidente Jair Bolsonaro afirmou que mandou cancelar qualquer protocolo assinado pelo Ministério da Saúde para aquisição de 46 milhões de doses da vacina Coronavac , que está sendo desenvolvida numa parceria entre o Instituto Butantan e a empresa chinesa Sinovac. Em visita ao Centro Tecnológico da Marinha, em Iperó (SP), Bolsonaro afirmou que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), "tentou tirar proveito em cima disso".

— Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade — disse Bolsonaro.

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Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fez uma videoconferência com governadores e que Doria entrou no circuito no término, anunciando a assinatura de um protocolo. O presidente criticou o fato de Doria ter dito que obrigaria os moradores de São Paulo a se vacinar, lembrando que são cerca de 42 milhões de habitantes no estado.

— É uma atitude autoritária que dispensa comentário — afirmou.

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Afirmou ainda que, pela lei que instituiu o Programa Nacional de Imunizações, de 1975, compete ao Ministério da Saúde determinar quais vacinas são obrigatórias.

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Bolsonaro ressaltou ainda que nada será dispendido agora para comprar "uma vacina chinesa que parece que nenhum país do mundo está interessado nela".

— Toda e qualquer vacina está descartada — disse.

O presidente afirmou que foi destinado recurso para participar de pesquisa junto com a Universidade de Oxford, da Inglaterra, mas que qualquer vacina precisa ser validada e obter a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):

— As vacinas têm que ter comprovação, diferente da hidroxicloroquina, tem que ter sua eficácia, não pode inalar algo que o malefício é maior que o benefício.

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O presidente acusou o governador de São Paulo de ter distorcido a conversa com o ministro da Saúde e afirmou que "é tudo especulação, um jogo político", para aumentar a popularidade de Doria.

— É A última cartada para resgatar popularidade perdida durante a pandemia — comentou.

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Bolsonaro criticou ainda o preço da vacina Coronavac, que, segundo ele, custaria em torno de 10 dólares, valor detalhado em um ofício assinado pelo próprio ministro Pazuello:

— Não sei se o que está envolvido é o preço vultoso que vai se pagar para a China.

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O presidente afirmou que a população está inalada por "discursos de terrorismo" e que os números apontam que a pandemia "está indo embora", sem apresentar dados que embasem a declaração.