Por G1 DF


Delegado-chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), Ricardo Viana — Foto: Fabiano Andrade/TV Globo

O delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Ricardo Viana, foi alvo de ataques racistas em uma lanchonete no Lago Sul, na noite desta sexta-feira (7). O suspeito recebeu voz de prisão e foi conduzido à 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul, onde foi registrado o boletim de ocorrência.

Ricardo Viana é chefe da 3ª Delegacia de Polícia, no Cruzeiro, e foi vítima de injúria racial dentro do estabelecimento comercial. Ele afirma que não se posicionou como delegado, mas como "negro, cidadão e pai de duas filhas, também negras".

Ele contou que foi surpreendido por um indivíduo "aparentemente fora de si", que começou a empurrá-lo e ofendê-lo chamando-o de "macaco". Depois que ele se identificou como delegado, o homem fugiu do local.

Ele foi preso depois, por uma equipe da Polícia Militar. Também foram encontradas porções de maconha no veículo do suspeito.

"Até o momento não entendi porque tanto ódio em uma só pessoa. O pior é saber que este tem histórico de violência e já praticou fatos semelhantes com outros negros", afirma o delegado Ricardo Viana.

Delegado é agredido com xingamentos racistas

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OAB se manifesta

Após episódio com o delegado Ricardo Viana, a Ordem de Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) informou em nota, neste sábado (8), que "repudia qualquer ato discriminatório desta espécie, ou de qualquer natureza". Leia a íntegra da nota:

"A Comissão de Igualdade Racial e a Presidência da OAB-DF solidarizam-se com todas as pessoas que sofrem com o racismo, assim como aconteceu com o Dr. Ricardo Viana, Delegado da Polícia Civil e chefe da 3ª DP do Cruzeiro. Ele foi vítima de ofensa racista na noite de ontem (7/8).

A Seccional DF está de portas abertas para prestar todo o auxílio necessário ao Dr. Ricardo Viana.

A OAB-DF repudia qualquer ato discriminatório desta espécie, ou de qualquer natureza.

Ontem, poderia ter sido um dia atípico, diante dos estarrecedores casos de racismo que vimos ganhar espaço na mídia, mas não foi. Infelizmente, foi um dia como qualquer outro em que ficou expresso que o absurdo perdeu a vergonha.

A exclusão racial, que é um fato desde o início do Terra Brasilis, agora está espetacularizada. Não adianta dizer que os casos aumentaram, pois, na verdade, só estão mais expostos.

Isso quer dizer que os protagonistas do racismo acabam ganhando, a cada dia, mais coragem de mostrar a sua cara, sem qualquer constrangimento.

Essa exposição constante demonstra o quão terrível é a situação, e como todos que não são racistas e não compactuam com tal prática criminosa devem erguer suas vozes.

É imperioso sairmos das redes, das hashtags, e partirmos para ação, para a contenção deste crime que mata e exclui.

O silêncio e a conivência encorajam esse tipo de crime. Chega! É preciso união e conscientização contra tais atos bárbaros, de modo a extirpar o racismo da sociedade.

Não há saída rápida e nem fácil. É preciso olhar para o futuro e educar a sociedade, mas, sobretudo, conter, desde já, a prática racista, especialmente, com as consequências jurídicas cabíveis, após devido processo legal."

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