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Por Jornal Nacional


Aumenta número de lavouras com uso de agrotóxicos

Aumenta número de lavouras com uso de agrotóxicos

O número de propriedades rurais que aplicam agrotóxicos nas lavouras aumentou 20% em 11 anos. O Censo Agropecuário, divulgado nesta sexta-feira (25) pelo IBGE, fez um retrato do campo.

Paisagens que não precisam de retoque, agricultura gerida em família. Assim são administrados 77% dos estabelecimentos agropecuários do país. Mas esse número vem diminuindo. Em 11 anos, encolheu 9,5%.

A equipe do Jornal Nacional foi até uma propriedade que vem resistindo e colhe frutos desse negócio. Em um sítio, na Região Serrana do Rio, a proposta é cultivar e produzir sem agrotóxicos. É uma propriedade pequena, familiar, e do local só saem produtos orgânicos.

“Em condomínio, as pessoas não tinham acesso ao produto. Eu achei, bom, vou juntar essas duas pontas e ajudar o produtor escoar, e ajudar essa pessoa a ter acesso a esse produto”, diz Guilherme Britto, produtor rural.

Mel e morangos que, nesse momento, estão sem frutos. É o que Sandra, o marido Ricardo, e o filho dela, Guilherme, produzem. “Você sabe que está proporcionando um bem para as pessoas, que, de fato, um produto saudável para elas”, conta Guilherme.

Esse é o melhor dos mundos, mas está longe da realidade brasileira. O Censo mostrou que o número de estabelecimentos com uso de agrotóxicos aumentou 20%. Mais de 70% dos que declararam usar, tinham menos de 20 hectares de área nas lavouras.

E dados que devem servir de alerta: 16% desses produtores não sabem ler nem escrever; e a grande maioria deles disse que não recebe orientação técnica para usar os produtos tóxicos.

“Na medida que a pessoa não tenha instrução, não conheça, não saiba ler ou escrever ou não tenha condições de ler a bula do agrotóxico, que é bem complexa, isso passa a ser preocupante”, afirma Marcelo de Souza Oliveira, analista do IBGE.

O Censo também constatou que a população ocupada no campo encolheu: 1,5 milhão de trabalhadores a menos. “Um trator faz o trabalho de diversos homens, e isso pode sim ter influenciado na redução do pessoal ocupado no estabelecimento”, diz o analista do IBGE.

Uma explicação é que o homem do campo está envelhecendo. Um em cada quatro tem 65 anos ou mais. E muitos deles não têm para quem deixar o negócio. Como Seu João: 86 anos, dez filhos e nenhum sucessor. “Eu tenho só um que vende a lavoura. Mas trabalhar mesmo ele não gosta, só gosta de vender”, conta o agricultor.

Para o Seu João, os 50 anos vividos na plantação de legumes só dão alegria: “Coisa maravilhosa é viver na lavoura plantando. Ver a lavoura indo para a gente todo dia, você chega o pé da lavoura está bonito, parece que está rindo para a gente. Uma coisa muito importante é trabalhar na lavoura”, diz.

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