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Bolsonaro nomeia 'braço direito' de Ramagem para a direção da PF

Presidente escolheu o delegado Rolando Alexandre de Souza para o cargo
Delegado Rolando Alexandre de Souza Foto: Divulgação
Delegado Rolando Alexandre de Souza Foto: Divulgação

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro nomeou o delegado Rolando Alexandre de Souza para ser o novo diretor-geral da Polícia Federal. A nomeação saiu em edição extra do Diário Oficial.  Atual secretário de Planejamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Souza era subordinado a Alexandre Ramagem. Ele tem o apoio do diretor-geral da Abin para ocupar o cargo na Polícia Federal.

O novo diretor-geral da PF já tomou posse. O termo foi assinado em solenidade no Palácio do Planalto que consta em atualização da agenda do presidente Jair Bolsonaro divulgada pouco depois da publicação da nomeação no Diário Oficial, na manhã desta segunda-feira. A posse relâmpago ocorreu entre 10h e 10h20, menos de uma hora depois da publicação da edição extra do DO.

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O delegado foi superintendente da Polícia Federal em Alagoas de março de 2018 até setembro do ano passado, quando deixou o posto para integrar os quadros da Abin. Souza começou a carreira na PF em Rondônia, onde conheceu Ramagem. Lá, ele atuou no setor de repressão a crimes financeiros e também foi corregedor da corporação no estado. Em Brasília, na sede da PF, foi chefe do Serviço de Repressão a Desvios de Recursos Públicos.

Presidente escolheu o delegado Rolando Alexandre de Souza para a direção-geral da Polícia Federal
Presidente escolheu o delegado Rolando Alexandre de Souza para a direção-geral da Polícia Federal

Souza passou por diversos cargos em que atuou no combate à corrupção, o que foi citado como um ponto positivo por colegas de Polícia Federal.

No Planalto e na própria PF, há uma avaliação de que ele exercerá apenas um “mandato-tampão” enquanto Bolsonaro não resolve o impasse jurídico em torno da nomeação de Ramagem. Fontes apontam que está sendo costurado um acordo para que ele seja indicado a um cargo da PF no exterior em setembro, para liberar a direção-geral para Ramagem.

Na semana passada, Bolsonaro chegou a nomear Ramagem , ligado à sua família, para o cargo, mas recuou depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar suspendendo a posse dele . Na decisão, Moraes acatou pedido do PDT, que argumentou que as relações entre Bolsonaro e Ramagem poderiam resultar em interferência do presidente na instituição.

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Após a decisão de Moraes, Bolsonaro publicou nesta quarta-feira outro decreto, em edição extra do Diário Oficial da União, tornando sem efeito a nomeação de Ramagem para comandar a PF e a sua exoneração do cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Ao pedir demissão, o ex-ministro Sergio Moro afirmou que o presidente estava tentando fazer interferências políticas na PF, frear inquéritos contra seus aliados e obter informações de inteligência do órgão, atitudes que Moro considerou inadmissíveis.

O ministro também transcreveu trechos das declarações de Moro sobre a pressão de Bolsonaro para trocar a direção da PF. "Mas o grande problema é que não são tanto essa questão de quem colocar, mas sim porque trocar e permitir que seja feita a interferência política na PF. O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele que ele pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência, seja diretor-geral, superintendente e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm que ser preservadas", afirmou Moro ao anunciar seu pedido de demissão.

Bolsonaro, por sua vez, declarou: "Sempre falei para ele: 'Moro, não tenho informações da Polícia Federal. Eu tenho que todo dia ter um relatório do que aconteceu, em especial nas últimas vinte e quatro horas, para poder bem decidir o futuro dessa nação'". Esse pedido foi considerado indevido pelo ministro Alexandre de Moraes.