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Por Nabil Ghorayeb

Médico cardiologista do HCor, doutor em Cardiologia (FMUSP), fundador do CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese, Prêmio Jabuti (Literatura, Ciência e Saúde)

São Paulo


Fique em casa. Essa ainda é a melhor recomendação para a prevenção contra o Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, por parte de todos nós, sejamos atletas, esportistas, apenas pessoas ativas ou mesmo sedentárias. Essa é a única maneira de prevenção enquanto não tivermos a vacina testada e provada na sua eficiência, como aconteceu com o vírus da Influenza e outras viroses, o que ainda vai demorar meses. O perigoso e grande problema de saúde pública são os tratamentos alternativos e outros do tipo “eu acho”, sem nenhuma base médica. Preocupa a todos nós, porque dicas absurdas são postadas como verdades científicas por blogueiros e influenciadores digitais aproveitadores do momento, sem formação técnica e, o pior, com aceitação de muitas pessoas. Procurem sempre fontes oficiais de sociedades médicas e do Ministério da Saúde. Seguem alguns esclarecimentos com base médica:

A automedicação é uma prática perigosa que está aumentando nesta pandemia — Foto: Istock Getty Images

  1. Vários “ex-atletas”, sem nenhuma formação universitária de um profissional de educação física, resolveram palpitar nas mídias com “lives” de aulas de exercícios sugerindo objetos caseiros na maior parte das vezes inapropriados e perigosos, pelo risco de causar lesões ortopédicas e até cardíacas. Sempre escolham profissionais da saúde ou de educação física e apaguem as páginas dessa turma;
  2. A automedicação é uma prática perigosa que está aumentando nesta pandemia, com claro direcionamento para se prevenir da virose. Como com a famosa hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina, que podem provocar efeitos colaterais no mínimo indesejáveis e arriscados. São usados em altas doses no tratamento hospitalar, onde no entanto o paciente tem seu aparelho cardiovascular monitorado as 24 h e seu organismo controlado com vários exames laboratoriais diários. Por tudo isso, não se recomenda se automedicar como se fosse um antigripal comum;
  3. Medicações para tratamentos cardiológicos dos medicamentos à base de dos BRA (sartanas) e iECA não devem ser trocadas ou suspensas sem orientação direta do seu médico. Várias manifestações de Sociedades de Cardiologia internacionais e da brasileira deixaram bem claro que não se deve suspender essa medicação, por falta de evidências científicas de problemas com seu uso;
  4. Pratica de atividades físicas ao ar livre ainda não estão liberadas na maioria das grandes cidades; porém se você está em local liberado, lembre-se dos cuidados pessoais de prevenção, principalmente a de praticar sozinho ou apenas com quem já convive com você. Manter distância mínima de dois metros de outra pessoa é fundamental. É triste ver centenas de pessoas aglomeradas praticando esportes ou caminhando juntas ao ar livre, sem nenhum cuidado de proteção pessoal como as simples máscaras;
  5. Suplementos farmacêuticos que aumentariam a imunidade infelizmente ainda não existem, e nisso incluímos as vitaminas C, D, B12, o Ômega 3,6 e outros. Uma alimentação saudável e regular na maioria das refeições é suficiente para a maioria das pessoas. Caso seja detectada sua falta no organismo, o médico ou nutricionista deve orientar a correção por alimentação ou suplementação farmacológica. Outro produto cujas propriedades medicinais são falsas ou exageradas é o suco detox de variados alimentos saudáveis, porém sem poder curativo ou preventivo de viroses ou outras infecções.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.