• Fernando Barbosa
Atualizado em
 Igor Marinelli e Gabriel Lameirinhas são os sócios da startup (Foto: Divulgação)

Igor Marinelli e Gabriel Lameirinhas são os sócios da startup (Foto: Divulgação)

A Tractian, startup que identifica problemas em máquinas industriais por meio de vibrações sonoras, recebeu um novo aporte no valor de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,2 milhões). O cheque foi desembolsado pela Citrino por decisão de um dos sócios, Marcelo Cabral. O investimento é uma extensão dos R$ 17 milhões captados em maio pela empresa, em rodada liderada pela DGF Investimentos com a participação da Citrino. Em fevereiro, a companhia recebeu outros R$ 2 milhões em uma rodada pré-seed da gestora americana Y Combinator e do fundo brasileiro Norte Ventures.

Fundada em setembro de 2019 por Igor Marinelli e Gabriel Lameirinhas, a Tractian insere uma espécie de “band-aid inteligente” nos equipamentos para prever falhas e programar manutenções necessárias. Com o auxílio de inteligência artificial, um sensor faz a leitura dos dados e exporta as informações para a sua plataforma, disponível nas versões web e mobile.

A startup é conhecida no mercado como o “Shazam da Indústria”, em alusão ao app que usa inteligência artificial para identificar qual música está tocando em determinado ambiente. “Para identificar o desalinhamento sonoro, o volume e a intensidade não importam, mas sim o 'tipo' do barulho”, afirma o CEO, Igor Marinelli.

A ideia para implementar a solução surgiu dos percalços enfrentados pelos pais dos sócios da companhia de tecnologia. Ambos são gestores de manutenção e precisavam garantir que as máquinas nas indústrias onde trabalhavam continuassem funcionando, mesmo em meio a alguma deficiência.

O serviço da Tractian funciona no modelo de assinatura, sem a necessidade da compra do hardware ou gastos com instalação. As mensalidades custam a partir de R$ 300 por máquina monitorada. Esse custo pode baixar para R$ 150, dependendo da quantidade de máquinas equipadas com o sensor. Na média, a startup inspeciona cerca de 90 máquinas por unidade industrial e argumenta que, por conta da precisão dos dados, sua solução consegue gerar uma economia de 30% em despesas de manutenção preventiva.

Após quase dois anos no mercado, a empresa trabalha em 30 categorias de máquinas rotativas - como bombas hidráulicas e turbinas, por exemplo - e possui cerca de 1 mil sensores instalados em 60 indústrias, especialmente em pequenas e médias empresas, consideradas desassistidas pelo setor. Mas também dispõe de grandes companhias em carteira, casos da Ambev, Embraer e Ciser (fabricante de fixadores).

Com os investimentos recentes, o objetivo é chegar a 600 clientes no período de 18 meses. Dessa forma, a meta é ter 10 mil dos seus “band-aids” instalados em todo o país e também no exterior. Para isso, a empresa quer expandir suas verticais para além da indústria, chegando a espaços como aeroportos, shoppings e hotéis. A equipe interna deve sair de 30 para 100 pessoas, com reforços nas áreas de tecnologia como ciência de dados, software e hardware.

As cidades de São Paulo (SP), Vitória (ES) e Joinville (SC), e regiões paulistas como o ABC e Jundiaí, consideradas pólos industriais, ganham maior importância no projeto de crescimento. “Queremos fazer uma “aglomeração” maior desses clientes nas macrorregiões. Com a presença consolidada, é possível oferecer um serviço personalizado nesses lugares”, diz o empreendedor. Também está no radar a entrada em países como México, Argentina e Argélia. "Desenvolvemos algo tão resiliente para o problema da conectividade brasileira que podemos implementar a solução em outros lugares com deficiências semelhantes", acrescenta.

Antes de fazer uma nova - e mais robusta - captação no mercado, a startup quer apresentar resultados. Para isso, o time de produto deve começar a desenvolver novas soluções, como a mensuração do consumo de energia dos maquinários. "Entendemos que outros gestores de manutenção precisam de soluções. No entanto, não temos intenção de abrir mão para atuar fora do setor de manutenção. A visão de longo prazo é ser tudo o que a manutenção precisa para resolver o seu problema", finaliza.

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