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Por Daniela Chiaretti — De São Paulo


Andre Clark (Siemens): país pode melhorar meta sem depender de recursos externos — Foto: Leonardo Rodrigues/Valor
Andre Clark (Siemens): país pode melhorar meta sem depender de recursos externos — Foto: Leonardo Rodrigues/Valor

Um grupo de 33 líderes empresariais e de outras instituições assina uma carta ao governo brasileiro pedindo maior ambição climática. Os empresários esperam que o Brasil se comprometa com a neutralidade de emissões em 2050, e não em 2060, como está no compromisso brasileiro anunciado em dezembro. Dizem também que a meta pode ser atingida atraindo mais recursos financeiros do que os US$ 10 bilhões anuais condicionados pelo governo Bolsonaro para antecipar o objetivo.

É a segunda vez no governo Bolsonaro que líderes empresariais se pronunciam de forma coletiva sobre temas ambientais. Na primeira vez, em julho, 38 empresários enviaram carta ao vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, manifestando preocupação com o desmatamento e recomendando que a retomada da economia seguisse o rumo do baixo carbono.

O texto obtido com exclusividade pelo Valor pede agora mais ambição climática do governo à véspera da Cúpula de Líderes Climáticos convocada pelo presidente Joe Biden para 22 e 23 de abril. Tornar mais fortes os compromissos voluntários dos países, conhecidos pela sigla NDC, tanto em metas de corte de emissões, financiamento e medidas de adaptação é a tônica do encontro que reunirá 40 chefes de Estado e de governo.

Marina Grossi (Cebds) — Foto: Claudio Belli/Valor
Marina Grossi (Cebds) — Foto: Claudio Belli/Valor

Em dezembro, o Brasil tornou pública sua nova Contribuição Nacional Determinada (NDC, na sigla em inglês). Comprometeu-se com a descarbonização da economia em 2060, mesmo objetivo assumido pela China, e um corte de 43% nas emissões em 2030, em relação aos níveis de 2005. O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles disse na ocasião que a meta de neutralidade da economia para 2060 poderia ser antecipada se o Brasil receber recursos de US$ 10 bilhões ao ano a partir de 2021. Os empresários têm outra visão: o Brasil pode ser mais ambicioso sem condicionar a meta a recursos externos.

A carta-manifesto “Neutralidade Climática: uma grande oportunidade”, assinada por líderes de 28 grandes empresas e de cinco entidades do agronegócio, indústria, comércio, academia, sociedade civil e relações internacionais, diz que metas mais ambiciosas de neutralidade de emissões para 2050 “trarão ganhos ao Brasil” em termos econômicos, comerciais, ambientais e reputacionais.

O texto, organizado por especialistas do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), tem quatro pontos centrais (ver reportagem Documento quer solução para créditos de carbono). Um deles indica que investimentos e oportunidades de negócios podem trazer, somente em soluções baseadas na natureza (como reflorestamento ou polinização, por exemplo), US$ 17 bilhões em negócios até 2030.

O PIB poderia crescer com a implantação de práticas de baixo carbono e atingir ganho acumulado de R$ 2,8 trilhões até 2030 em relação à trajetória atual. Estudos do Cebds indicam que o país pode ganhar R$ 19 bilhões em produtividade agrícola adicional até 2030.

“Essa mensagem é um reforço para que o posicionamento do Brasil seja mais ousado, não só no summit de Biden, mas também para as negociações da CoP 26 em Glasgow”, diz João Paulo Ferreira, CEO da Natura &Co América Latina. “O Brasil tem todas as condições de ser um dos líderes mundiais da economia de baixo carbono e da bioeconomia, não podemos perder esta oportunidade. E colocar metas ousadas é um motor de inovação e produtividade.”

“Um dos efeitos da pandemia, além da tragédia humana com a perda de vidas, vai ser a perda de produtividade relativa do país”, segue, lembrando que a economia brasileira, que já foi a sexta maior do mundo, “está perdendo posições na economia mundial”, continua. “É importante gerar estímulos que virão da economia verde, que vai oferecer trabalhos novos, atividade econômica nova, formar trabalhadores.” Ele diz que a neutralidade em carbono em 2050 não só é uma questão ambiental, mas também “acelera investimentos e a criação de empregos”.

Com ele concorda André Clark, gerente-geral da Siemens Energy no Brasil. “A pressão internacional sobre mudança climática será proporcional ao tamanho da mudança de rota dos capitais na direção do ESG”, diz, referindo-se ao conceito que reune ações ambientais, sociais e de governança. “Os parceiros do Brasil -EUA, Europa, China e Japão- estão indo nesta direção de forma sem precedentes. É exigência das sociedades destes países e que criou investidores do ESG. Este mundo quer comprar de empresas do Brasil que entendem a realidade da crise climática”.

“Já amadurecemos para tomar decisões seguras em uma trajetória de baixo carbono mais inclusiva”, diz Marina Grossi, presidente do Cebds e articuladora da carta. “O país lidera na remoção de carbono. Temos enorme vantagem competitiva”, segue. Em nota, Marcos Molina, presidente do conselho de administração da Marfrig, diz que o protagonismo brasileiro “trará uma série de benefícios tanto ao país como para o planeta”.

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