Por Vivian Reis e Tatiana Santiago, G1 SP


Sindicato de professores entrou com ação na Justiça de São Paulo contra Universidade Cruzeiro do Sul que teria feito demissão em massa de professores — Foto: Divulgação/Universidade Cruzeiro do Sul

Mais duas universidades particulares de São Paulo demitiram professores nesta semana, a Universidade Cruzeiro do Sul e a Universidade São Judas Tadeu (USJT). Na semana passada, o G1 mostrou que o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) entrou na Justiça contra uma demissão em massa que teria ocorrido por mensagem pela Universidade Nove de Julho (Uninove).

Na quarta-feira (1º), a associação de professores entrou com uma nova ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) contra demissões de professores na Cruzeiro do Sul, onde cortes teriam afetado 30% do corpo docente da instituição de ensino.

"A Universidade Cruzeiro do Sul é mais um exemplo de demissão massiva decorrente de uma reestruturação, sustentada no enxugamento da folha de pagamentos e dos serviços e aumento das margens de lucro, em detrimento da qualidade de ensino", diz o Sinpro-SP em nota.

A Cruzeiro do Sul Educacional foi questionada pelo G1 se confirmava as demissões em massa.

O grupo não informou o número de cortes, mas confirmou que "o agravamento e prolongamento da crise econômica, somados às incertezas quanto ao próximo semestre, levaram o grupo a adotar uma adaptação de custos, inclusive e, inevitavelmente, de pessoal, de modo a manter e preservar minimamente a saúde financeira, a qualidade de sua operação e a pontualidade dos seus compromissos".

A Cruzeiro Sul acrescentou que evitou "tomar medidas mais drásticas, mesmo sofrendo com o aumento expressivo da inadimplência e da evasão", e que "reconhece e agradece a valiosa contribuição dos colaboradores que estão, neste momento difícil para todos, sendo desligados".

No caso da Universidade São Judas, alunos lançaram a hashtag #RecuaÂnima contra os cortes no corpo docente que teriam sido realizados pelo Grupo Ânima de Educação, que gere a instituição. Os estudantes falam em "sucateamento do ensino superior", e em mudanças na carga horária e na grade curricular.

Campus localizado no Butantã da Universidade São Judas Tadeu, na Zona Oeste de São Paulo — Foto: São Judas/Divulgação

"A SÃO JUDAS TA FAZENDO DEMISSÃO EM MASSA. Em reunião ontem com a coordenadora nos garantiram que não iriam demitir no meu curso. Hj recebemos a notícia que demitiram simplesmente OS MELHORES e MAIS QUALIfICADOS professores! A Ânima acabou com a São Judas💔💔💔💔 #RecuaÂnima", disse uma estudante no Twitter.

O G1 questionou o Sinpro-SP se ele recebeu informações sobre cortes na Universidade São Judas. A associação disse que recebeu 74 avisos entre as unidades da capital, Santos e Guarulhos, número menor do que nos anos anteriores, e os professores não fizeram denúncias, se restringindo a solicitações de orientação sobre seus direitos.

Em nota nesta quarta-feira, o Grupo Ânima não informou o número de desligamentos, mas adiantou que "foi abaixo do que nos semestres passados" e que, paralelamente, abriu novas vagas no corpo docente, como em todo fim de semestre, quando há uma avaliação das turmas, cursos em andamento e novos cursos.

"A instituição fez um exercício para preservar o emprego, cientes e preocupados com o momento delicado em que estamos vivendo. Além disso, a Universidade São Judas está contratando coordenadores regionais, coordenadores de cursos, além de ter edital aberto para oportunidades a professores de tempo integral e parcial", diz a nota.

"Reiteramos que, mesmo em tempos atípicos como este, de isolamento social, foram mantidos o respeito e a atenção individual aos professores durante todo o processo de desligamento", continuou.

O Grupo Ânima foi uma das empresas que idealizaram o movimento "Não Demita", assinado por mais de 4 mil entidades durante a pandemia.

"Escrevi o manifesto. No final de 24 horas tinham mais de 30 empresas assinando. Falei: 'Não é mais manifesto. É um movimento, em que a gente tem que se comprometer a não demitir por dois meses", disse Daniel Castanho, CEO do grupo em entrevista no dia 7 de abril, há quase três meses.

Empresários criam movimento "Não Demita"

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Uninove

Há uma semana, professores da Universidade Nove de Julho (Uninove) foram surpreendidos com um comunicado de demissão por pop-up, quando tentavam acessar à plataforma de aulas, de acordo com o Sinpro-SP. Neste caso, a associação também entrou com uma ação no TRT.

A Uninove não respondeu à reportagem se houve ou não demissão em massa, mas disse que, diante da pandemia, "fomos ao limite para manter nosso quadro funcional".

Professores da Uninove foram informados de demissão por meio de pop-up em plataforma de aulas — Foto: Arquivo Pessoal/Sinpro-SP

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