Bolsas e índices

Por Weruska Goeking, Valor Investe — São Paulo


Fique de olho

Atendendo às expectativas, e sinalizando um novo rumo da política monetária, o Banco Central brasileiro e o Federal Reserve (Fed, o BC americano) mostraram maior preocupação com a força da inflação e a necessidade de dar uma segurada nos estímulos. Aqui, claro, o problema é maior e o aperto no cinto também.

O Copom (Comitê de Política Monetária) subiu a Selic em 0,75 ponto, para 4,25% ao ano, confirmando a sinalização dada na última reunião e repetindo pela terceira vez a dose neste ciclo de alta iniciado em março.

"O principal ponto foi a mudança [no comunicado] de que o ciclo de alta de juros, que antes era dito que ia parar antes da taxa neutra, agora se coloca como necessário atingir a taxa neutra, ou seja, não ter mais incentivos monetários do ponto de vista de juros", afirma Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos.

Apesar da sinalização clara, Morelli avalia que esse não deve ser encarada com uma decisão final do Banco Central para o rumo dos juros já que a própria autoridade monetária informou que se a situação da inflação piorar, pode haver aumento no ritmo de alta.

"Na minha opinião, ele também pode ter incentivos para estender o ciclo para além da taxa neutra", observa Morelli. Hoje a taxa neutra de juros gira em torno de 6,50%. "Acho muito mais provável ir para 7%, 7,5% do que parar entre 6% e 6,5%", avalia Morelli.

Nos Estados Unidos, o Fed manteve as taxas de juros perto de zero, como já era esperado, mas antecipou uma futura mudança de política monetária após rever para cima as expectativas para a inflação no país. Antes, o Fed previa alterar as taxas somente em 2024, mas agora começa a vislumbrar mudanças em 2023, um ano antes.

"Durante a entrevista {coletiva, após a decisão], o presidente [do Fed, Jerome] Powell tentou minimizar esse fato dizendo que isso é uma opinião individual e que não deve ser levado ao pé da letra, mas obviamente é uma indicação de um Fed mais preocupado com a inflação", afirma Morelli.

Apesar do comunicado do Fed sinalizar uma alta de juros antes do esperado na última reunião, e as bolsas terem reagido negativamente a ele, Morelli avalia que esse cenário deve ser avaliado como positivo, uma vez que mostra a força da retomada da economia americana.

As bolsas globais ainda mostram pequenas perdas nesta manhã, o que deve atingir os primeiros negócios também no Brasil, já que o cenário apresentado pelo Fed é mais avesso à tomada de risco em mercados emergentes.

Para Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos, novos comentários de membros do Fed ao longo da semana devem levar às bolsas a um ajuste fino de expectativas após essa reação mais imediata da decisão.

Moliterno observa que as ações de empresas mais expostas à economia doméstica, como consumo, shoppings e locomoção, tendem a ter um desempenho um pouco melhor, enquanto às atreladas ao minério de ferro ainda enfrentam turbulência diante da correção nos preços dos insumos após a forte altas recente. Lembrando que a China vem adotando medidas para tentar segurar os preços da commodity.

O setor financeiro também tende a se beneficiar das sinalizações de aumento de juros mais forte no radar, destaca Moliterno.

A votação da MP da privatização da Eletrobras no Senado foi adiada para hoje. O texto da medida provisória, criticado pelas emendas incluídas em sua tramitação na Câmara, ganhou mais “jabutis” no Senado e suscitou duras reclamações da indústria, mostra reportagem do Valor Econômico.

O relatório apresentado ontem à noite pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), aliado do governo, exige que empregados demitidos da estatal sejam realocados em outras estatais, prorroga subsídios para a geração térmica a carvão, garante uma indenização milionária ao Piauí pela venda de sua distribuidora em 2018 e acelera a migração dos consumidores para o mercado de livre de energia.

Agenda

Com a agenda de indicadores esvaziada, a votação da medida provisória que privatiza a Eletrobras pelo Plenário do Senado, a partir das 10h, deve ser monitorada no âmbito doméstico.

No exterior, vale destacar que os Estados Unidos divulgam dados semanais sobre pedidos de seguro-desemprego e o índice do setor de manufatura relativo ao mês de junho, às 9h30.

Bolsas internacionais

Os índices da Ásia fecharam sem direção única, com os investidores asiáticos avaliando a reação dos mercados financeiros ao comunicado de política monetária divulgado ontem pelo Fed.

O Nikkei, índice de referência da bolsa de Tóquio, tomou um tombo e fechou em queda de 0,93%, e o Kospi, de Seul, recuou 0,42%, e o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,43%. Na China, o índice Xangai Composto subiu 0,21%, e o Shenzhen Composto avançou 1,16%.

As bolsas europeias operam em queda, reagindo à sinalização de que os integrantes do Fed esperam uma elevação da meta da taxa de juros de referência antes do que se esperava anteriormente.

Empresas

  • Ao aprovar a convocação de uma nova assembleia, para a eleição de oito das onze cadeiras do conselho de administração (CA) da empresa, a Petrobras tenta colocar um ponto final num impasse com os acionistas minoritários que já se arrasta há dois meses. O novo pleito, ainda sem uma data definida, dará aos investidores mais uma chance de aumentar a representatividade no CA.
  • O Itaú lançou dois novos produtos ligados ao universo do bitcoin e das criptomoedas: um fundo temático sobre empresas com projetos em blockchain e um COE (Certificado de Operações Estruturadas) dedicado a investir com capital garantido nas ações da exchange americana Coinbase.
  • A Qualicorp concluiu ontem a aquisição da carteira de vidas operadas pela Unimed Natal. O negócio foi anunciado em 6 de abril. De acordo com o comunicado, a carteira inclui 7,9 mil beneficiários no segmento coletivo por adesão.
  • O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem, com restrições, a venda da participação da fatia de 40% que a Petrobras detém na GNL Gemini Comercialização e Logística de Gás (Gás Local), empresa de distribuição e transporte de gás natural liquefeito (GNL) via caminhão, para a White Martins.
  • A mesa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou ontem um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostas irregularidades na gestão da Cemig desde 2019. No requerimento, é pedida a instauração da CPI para investigar possível prática de ilegalidades na estatal, desde 2019, que teriam trazido "prejuízos bilionários” aos cofres públicos e ao povo mineiro.

(Com Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor)

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