Pouco mais de três meses após o início da crise do novo coronavírus, praticamente metade (51%) dos empresários que pediram crédito não conseguiram ou ainda não estão em vias de receber o empréstimo.
Entre os motivos, estão o desconhecimento dos programas do governo (24%) e as exigências impostas (23%), aquém das possibilidades principalmente das pequenas e médias empresas.
Os dados são de uma pesquisa da empresa de análise de crédito Boa Vista, que ouviu 1.260 empresários dos setores indústria, comércio e serviços em todo o país.
Para a maioria (38%) das empresas que adquiriram empréstimo, os recursos serão destinados para alavancar o capital de giro. Já 37% disseram que o destino será o pagamento de dívidas. Mesmo conseguindo o crédito, para 78% das empresas, o valor concedido será insuficiente para “cobrir” todas os compromissos financeiros.
O levantamento também constatou que, em média, 45% das empresas estão pagando apenas parte de seus compromissos. Os micro e pequenos empresários são os que mais vêm sofrendo esse impacto, pois seu fluxo de caixa é naturalmente menor.
Em média, 39% das empresas buscaram por apoio financeiro, inclusive, em mais de uma instituição. Os bancos privados foram os mais procurados (40%), seguidos de instituições públicas (21%) e procura por familiares e amigos (14%).
Demissões
Mesmo com a crise, 59% das empresas informam que não demitiram. Por outro lado, apenas 3% delas contrataram e 38% diminuíram o quadro funcional, principalmente no setor da indústria e nas médias e grandes empresas. As principais ações para diminuição de quadro foram: demissão (50%), suspensão temporária de contrato (26%) e redução da jornada (24%).
Mais da metade (57%) das empresas acreditam que vai demorar seis meses ou mais para a recuperação dos negócios. A forte retração das vendas, para 77% delas, reflete negativamente no faturamento de 78% das empresas e de 76% no fluxo de caixa.