BRASÍLIA - A crise do coronavírus resultou no fechamento de 1.487.425 vagas formais de trabalho, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério da Economia.
Só em maio, a perda de postos de emprego com carteira assinada chegou a 331.901. O saldo negativo, no entanto, ficou abaixo do registrado em abril, quando as demissões superaram contratações em 902.841.
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Os dados correspondem ao saldo entre admissões e demissões e fazem parte do chamado Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), baseado nas informações enviadas pelos empregadores ao governo.
Queda nas admissões impacta dados de maio
O saldo de maio foi influenciado principalmente pelo ritmo mais fraco de admissões, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
As contratações somaram 703.921, recuo de 48% frente ao registrado em maio de 2019: 1.347.304.
Já as demissões chegaram a cair no período, registrando 1.035.822, recuo de 21% frente às 1.315.164 contabilizadas em maio do ano passado.
Abril foi ponto mais crítico
Apesar do resultado negativo, o balanço de maio representou uma recuperação em relação ao mês anterior, considerado pela equipe econômica o ponto mais crítico da crise econômica causada pela pandemia.
— O primeiro ponto a se enfatizar é a clara reação do mercado de trabalho. O Brasil tem evitado demissões, tem preservado postos de trabalho e a economia está reagindo — avaliou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.
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O secretário acrescentou que as perdas de vagas são preocupantes, mas reforçou a percepção de que há uma recuperação da atividade econômica:
— Obviamente, qualquer emprego que é perdido não pode ser tido como algo positivo. No entanto, temos que deixar claro esse fator que nos parece auspicioso, que nos dá muita esperança, que é a reação clara da economia neste mês de maio, em comparação com os dados do mês de abril.
Na semana passada, a pasta informou que os pedidos de seguro-desemprego — outro indicador sobre a situação do mercado — somaram 3,64 milhões entre janeiro e a primeira quinzena de junho, o que representa uma alta de 14,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Só agricultura tem saldo positivo
No acumulado entre janeiro e maio, as perdas de vagas chegam a 1.156.785. Desse total, a maior parte foi registrada no comércio, com perda de 446.584.
O setor de serviços — o maior da economia — foi o segundo que mais fechou postos. As demissões superaram as contratações em 442.580. Só a agricultura registra saldo positivo, de 25.430 vagas.
Redução de jornada e suspensão: 11,6 milhões
O governo divulgou ainda dados atualizados sobre os acordos de suspensão de contrato e redução de jornada de trabalho, com cortes de salários.
Até sexta-feira passada, haviam sido firmados 11.698.243 acordos desse tipo. A maior parte (43% do total) foram de suspensão temporária dos contratos.
O Congresso aprovou a nova versão da medida provisória (MP) 936, que autoriza esses acordos. O texto, no entanto, ainda não foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.