Política

Vídeo: Grupo invade reunião virtual de coletivo no RS e exibe bandeira do movimento LGBT sendo queimada

Pauta do debate seria a luta de um grupo de esquerda contra o governo Bolsonaro; invasores também compartilharam conteúdo pornográfico e músicas enaltecendo o presidente
Eram esperadas 60 pessoas na reunião, que chegou a ter mais de 200 integrantes com a entrada dos invasores Foto: Reprodução
Eram esperadas 60 pessoas na reunião, que chegou a ter mais de 200 integrantes com a entrada dos invasores Foto: Reprodução

RIO — Uma reunião online do coletivo Juntos! foi invadida, na noite desta terça-feira (24), por um grupo de inernautas que atacaram a agenda LGBT. O encontro era conduzido pelos organizadores do Rio Grande do Sul e tinha como tema a luta LGBT contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Ainda antes da conversa ser iniciada, porém, as invasões começaram com músicas em defesa do presidente, sons e vídeos pornográficos, além de imagens de uma pessoa mascarada queimando a bandeira LGBT.

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O coletivo já havia registrado invasões em situações anteriores e, por isso, decidiu abrir um formulário de inscrição para selecionar os participantes da reunião. Mas segundo o integrante do Juntos! RS Rafael Aldab, de 21 anos, um dos invasores se infiltrou e conseguiu se inscrever. Quando recebeu o link do encontro por e-mail, entrou e começou a aceitar outras pessoas. Eram esperados 60 participantes, mas a lista passou dos 200.

 

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— Chegou a ter mais de 30 pessoas entrando por minuto, hackers, tumultuando a reunião. Colocando vídeos pró-Bolsonaro, queimando a bandeira LGBT, espelhando a tela com sites pornográficos — disse Aldab.

— A gente tentou controlar, mas tinha muita gente entrando. Chegou uma hora que a sala tinha mais de 200 perfis deles. A gente decidiu sair da reunião e criar uma outra sala — completou. Segundo ele, o coletivo irá registrar um Boletim de Ocorrência contra os envolvidos a partir de seus perfis nas redes.

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O integrante do coletivo contou que, para que o encontro continuasse, foi preciso limitar ainda mais o acesso ao novo link, que acabou sendo enviado por mensagem privada para os participantes inscritos. O número que era de 60 pessoas, porém, acabou caindo para cerca de 40.

Vereadora trans

Para Aldab, lidar com esses ataques tem sido especialmente complicado neste mês de junho, depois que a vereadora Natasha Ferreira (PSOL), uma mulher trans, tomou posse na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Ela ocupa a cadeira de outro vereador, do mesmo partido, que está de licença. Natasha também estava presente na reunião virtual.

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— Especialmente neste mês de junho, nós do Juntos! aqui em Porto Alegre tivemos uma vereadora travesti, que assumiu. Logo depois disso, os ataques começaram a vir, tanto nas redes sociais como na reunião. É uma falta de respeito total, a gente já teve outras reuniões invadidas por hackers e foi muito difícil. É muito triste, a gente acaba perdendo o foco.

Segundo ele, os diversos planos do coletivo Juntos! RS terão que envolver maior cautela a partir de agora.

— Para o movimento LGBT, que sempre foi muito atacado, a gente cada vez mais vai ter que continuar lutando e resistindo contra esses retrocessos. É lutar pelo direito de não ser interrompido, de fazer as nossas atividades — destacou.

O integrante do coletivo também cobra maior clareza na legislação para coibir ataques online, de hackers e invasores. Segundo Aldab, as denúncias caminham lentamente e a Polícia ainda não sabe exatamente como lidar como esse tipo de ação.

— Não tem que ter tolerância. Esses ataques estão acontecendo contra a população LGBT há muito tempo e a gente está cansado de ser atacado e ficar sem ter o que fazer. Já passou da hora de colocar essa gente na lata de lixo da História — finalizou.