Política

Paulo Marinho vai prestar depoimento nesta quarta-feira sobre vazamento de operação para Flávio Bolsonaro

Segundo o empresário, senador foi informado por um delegado da PF, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2018, que seria deflagrada a Operação Furna da Onça
O empresário Paulo Marinho, que ajudou a coordenar a campanha de Jair Bolsonaro à Presidência Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo
O empresário Paulo Marinho, que ajudou a coordenar a campanha de Jair Bolsonaro à Presidência Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo

RIO — O empresário Paulo Marinho foi intimado nesta terça-feira para prestar depoimento da Superintendência da Polícia Federal do Rio em um novo procedimento de investigação instaurado para apurar eventual participação de servidores no vazamento de informações sobre a Operação Furna da Onça . A intimação é para que ele vá prestar esclarecimentos e apresentar provas nesta quarta-feira.

Segundo o empresário, em entrevista publicada no jornal "Folha de S. Paulo" no último domingo, o senador Flávio Bolsonaro foi informado por um delegado da Polícia Federal, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2018, que seria deflagrada a Operação Furna da Onça, que continha um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio.

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Por causa desse relatório, Queiroz passou a ser investigado por suspeita de operar um esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo o relato de Paulo Marinho, foi o próprio senador que o procurou para contar sobre o episódio do vazamento depois que o caso veio à tona em dezembro de 2018. Na ocasião, ele estava acompanhado do advogado Victor Granado Alves, seu então assessor parlamentar na Alerj.

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O depoimento de Marinho ocorrerá para este procedimento. De modo independente, um outro inquérito será conduzido pela Corregedoria para verificar o vazamento e vai ouvir os delegados e policiais que participaram das investigações da operação “Furna da Onça”. A opção foi feita para dar celeridade ao caso. Entre os que serão ouvidos, está a delegada Xênia Soares, presidente do inquérito na PF, e os policiais que trabalharam na investigação.

Entre os citados por ele na reunião em que Flávio teria relatado o vazamento, apenas Marinho foi intimado. Após o seu depoimento e eventual apresentação de provas, isso será reavaliado para ouvir novos depoimentos.

Xênia Soares é delegada desde 2009 e também atuou na Operação “Cadeia Velha”, em novembro de 2017, responsável pela prisão de Jorge Picciani, então presidente da Alerj, e os deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi. Na ocasião, a “Cadeia Velha” foi comandada pelo então delegado Alexandre Ramagem.

Ramagem é atualmente diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o nome que o presidente Jair Bolsonaro queria para a direção-geral da PF. A escolha foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes depois das acusações de Sergio Moro de que as trocas seriam uma interferência política na corporação.

A “Furna da Onça” foi uma operação que ocorreu em um desdobramento da anterior e prendeu outros 10 deputados estaduais sob acusação de recebimento de propina e compra de votos no governo de Sérgio Cabral.