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Em meio a atritos com STF, Bolsonaro cancela participação na abertura do ano do Judiciário

Presidente marcou viagem para São Paulo, onde irá sobrevoar regiões atingidas por temporais
Luiz Fux e Jair Bolsonaro Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
Luiz Fux e Jair Bolsonaro Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

BRASÍLIA — Em meio aos novos atritos com o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro (PL), que desde a última quarta-feira havia confirmado presença na sessão solene de abertura do ano do Judiciário nesta terça-feira, cancelou sua participação após marcar uma viagem para São Paulo. O evento no STF, no entanto, ocorrerá de forma virtual em razão das novas medidas de restrição diante da alta de casos de covid-19 no Distrito Federal.

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Ao GLOBO, a assessoria de imprensa do STF disse que o presidente informou na tarde de segunda-feira que não mais iria à solenidade. Além de Bolsonaro, estavam previstas as participações do procurador-geral da República, Augusto Aras, e do advogado-geral da União, Bruno Bianco.

Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL) e o novo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti também devem estar presentes na cerimônia.

Em 2021, a sessão também ocorreu de maneira online, mas Bolsonaro compareceu presencialmente — e ouviu do presidente da Corte, ministro Luiz Fux, um discurso contra o negacionismo e a favor da ciência durante a pandemia.

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— Não devemos dar ouvidos às vozes isoladas, algumas inclusive no âmbito do Poder Judiciário, que abusam da liberdade de expressão para propagar ódio, desprezo às vítimas e negacionismo científico —  afirmou Fux na ocasião.

A viagem de Bolsonaro para o interior de São Paulo foi anunciada na tarde desta segunda-feira. O presidente sobrevoará a cidade de Francisco Morato. Desde a última sexta-feira, cidades do interior e da Grande São Paulo têm sofrido com as consequências das fortes chuvas, que deixaram ao menos 24 mortos, entre eles oito crianças, segundo os últimos dados divulgados pela Defesa Civil.

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Na última sexta-feira, dando início ao mais novo atrito com o STF, o presidente faltou ao depoimento no inquérito que apura o vazamento de informações sigilosas sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ausência de Bolsonaro contrariou uma ordem dada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Em 29 de novembro do ano passado, quando decidiu pela primeira vez sobre a necessidade de o presidente ser ouvido, o ministro do STF destacou que, segundo informado pela própria PF, o depoimento de Bolsonaro era "medida indispensável ao completo esclarecimento dos fatos investigados".

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