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Tallis Gomes, da Singu (Foto: Singu/Divulgação)

Tallis Gomes, da Singu: aplicativo já se recuperou dos efeitos da pandemia (Foto: Singu/Divulgação)

A Natura anunciou neste mês um investimento de valor não divulgado na startup Singu. A gigante de beleza realizará novos aportes ao longo dos próximos quatro anos, com possibilidade de compra total do aplicativo no final desse período.

A injeção de capital significa a entrada da Natura na prestação de serviços de beleza -- e abre a possibilidade de suas consultoras de beleza se tornarem profissionais em depilação, escova, massagem, manicure e pedicure. “O investimento na Singu abre uma nova avenida de serviços em nossa jornada digital, que fortalecerá ainda mais a relação entre as consultoras de beleza e suas clientes”, escreveu em comunicado João Paulo Ferreira, CEO da Natura&Co na América Latina.

Pequenas Empresas & Grandes Negócios conversou com Tallis Gomes, fundador da Singu, sobre os próximos passos para as duas companhias após o aporte. A conversa foi antecipada na 100 Startups to Watch, newsletter gratuita de PEGN sobre o mundo das startups.

"Viramos o braço de serviços de beleza da Natura. Ao mesmo tempo, adicionamos clientes e consultoras da empresa ao nosso marketplace", afirmou Gomes. A Natura&Co informou ter uma base de mais de 200 milhões de consumidoras e de 6,3 milhões de consultoras no começo deste ano.

A Singu tem um aplicativo que conecta profissionais de beleza e bem-estar a usuários finais. O marketplace concentra 200 mil clientes ativos e 7 mil prestadores de serviços. A estimativa da Singu é que esse mercado movimente R$ 50 bilhões por ano no Brasil. A Singu fatura na casa de dezenas de milhões de reais mensalmente.

Segundo Gomes, dezenas de milhares de serviços de beleza e bem-estar são prestados por mês. As prestadores poderão agora complementar a renda ao oferecer cosméticos da Natura. Da mesma forma, as consultoras da gigante de beleza poderão passar pelo treinamento da Singu e começar a prestar serviços.

"Temos uma sinergia clara, por conta de uma mesma proposta de social selling", afirmou o fundador da Singu. A entrada no marketplace inclui checagem de histórico criminal, avaliação presencial e capacitação em atendimento, em procedimentos de biosegurança e em padrão de serviço -- como quantas demãos de esmalte devem ser passadas.

Manicure da Singu (Foto: Singu/Divulgação)

Manicure da Singu (Foto: Singu/Divulgação)

Esse padrão garante escala da solução e recorrência dos consumidores, segundo o fundador. Mais de 90% dos usuários contratam serviços pela Singu mais de uma vez no mês. O LTV/CAC, relação que explica quanto o consumidor gasta na plataforma em relação ao seu custo de aquisição, chega a 3,4 após o primeiro mês de uso. O uso da base de clientes e consultas da Natura deve reduzir ainda o custo de aquisição de usuários.

A Singu está em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Nas próximas semanas, o marketplace chegará a Belo Horizonte. A associação com a Natura&Co deverá ajudar na expansão da startup para a América Latina em 2021. Serviços interessantes para as clientes da gigante de beleza serão adicionados, como cuidado com a pele.

Como todo player do segmento de beleza, a Singu foi afetada pela pandemia. O movimento chegou a cair 30% nos piores momentos, mas já foi recuperado. Nos últimos 30 dias, a startup afirmou ver um resultado 20% superior ao de fevereiro deste ano.

A expectativa para os próximos meses é continuar crescendo no ritmo de 20% mensais. A Singu triplicou de tamanho nos últimos anos. A pandemia provocou uma revisão de crescimento no acumulado do ano: a meta é dobrar de tamanho em 2020.

Mesmo assim, Gomes está confiante em hábitos adaptados no novo normal. "O receio de entrar em ambientes herméticos pode continuar. Não sei se as pessoas que estão se prevenindo hoje voltarão ao salão nos próximos meses. Estar na própria casa e receber um serviço com todo rigor de proteção gera uma exposição menor, na mesma lógica vista entre restaurantes e delivery. É um fator de crescimento para a beleza in home."