A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reafirmou, em nota divulgada na noite de ontem, o apoio conteúdo do manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, que defende a democracia e a pacificação na política. O texto sintetiza a busca de uma saída honrosa para uma crise que já dura quase duas semanas. Com ele, os bancos privados reiteraram sua posição contrária a uma ruptura institucional, mas deram a senha para a permanência de Caixa e Banco do Brasil (BB) na entidade.
O Valor apurou que, apesar de o conteúdo da nota não ter agradado, os bancos estatais agora estão dispostos a não sair da Febraban, como ameaçaram, já que o manifesto não foi formalmente publicado e não há certeza de que será nem quando. A divulgação formal do documento era o passo que os estatais aguardavam para cumprir a ameaça de deixar a entidade. Com a acomodação, a intenção é a de permanecer na Febraban, menos por convicção e mais para evitar questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).
Foi o desfecho de um dia em que os dois bancos públicos pediram — e não conseguiram — nova reunião do conselho diretor da Febraban para rediscutir a adesão ao texto, que reunia outras associações e teve sua divulgação adiada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Na nota, a Febraban reiterou o apoio ao teor do manifesto, mas disse que não vai mais esperar sua divulgação pela Fiesp. A federação de bancos ressaltou que a aprovação inicial do apoio ao manifesto se deu “dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo” e disse que “a única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país”.
A Fiesp era responsável pela coordenação do movimento, mas adiou a divulgação alegando que daria mais tempo para reunir adeptos. Ontem, a Febraban disse que, agora, o conteúdo do manifesto já foi amplamente divulgado pela mídia e, diante disso, “não ficará mais vinculada às decisões da Fiesp, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto”.
A Febraban negou o pedido de Caixa e BB para discutir a adesão ao manifesto, e disse que “manifesta respeito pela opção” dos bancos públicos, que se posicionaram contrariamente à assinatura do documento. Ainda assim, reforçou seu apoio ao conteúdo do texto, dizendo que se junta aos demais setores produtivos do Brasil “num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa”.
Os presidentes da Caixa, Pedro Guimarães, e do BB, Fausto Ribeiro, tiveram conversas com banqueiros e com o presidente da Febraban, Isaac Sidney, nos últimos dias para discutir a questão. Segundo o Valor apurou, ficou entendido nas conversas que não seria preciso rever a decisão de apoiar o manifesto, segundo uma fonte do BB. A avaliação agora é que a “crise está encerrada”. Procurados, Caixa e BB não comentaram.
Veja íntegra do comunicado da Febraban:
A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) reafirma o apoio emprestado ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, cuja adesão se deu, desde o início, dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo e cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) assumiu a coordenação do processo de coleta de assinaturas e se responsabilizou pela publicação, conforme e-mail dirigido a mais de 200 entidades no último dia 27 de agosto.
A FEBRABAN considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A Federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto.
Diante disso, a FEBRABAN avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da FIESP, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto.
A FEBRABAN confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa.