Mundo 1968

Ontem e hoje: o que aconteceu com os líderes do Maio de 1968

À época jovens revoltados com o sistema político francês, estudantes tomaram diferentes rumos nas décadas seguintes
França (Paris) - 1968- Politica - França - Movimento de maio de 1968 - Na Universidade de Sorbonne os líderes dos estudantes: da esq. para a direita: Alain Gesmar, Jacques Sauvageot e Daniel Cohn-Bendit - Foto France-Soir
França (Paris) - 1968- Politica - França - Movimento de maio de 1968 - Na Universidade de Sorbonne os líderes dos estudantes: da esq. para a direita: Alain Gesmar, Jacques Sauvageot e Daniel Cohn-Bendit - Foto France-Soir

RIO - Os estudantes que lideraram as marchas de Maio de 1968 tomaram diferentes rumos. Jornalistas, políticos, cineasta. Descubra o que aconteceu com eles.

Daniel Cohn-Bendit

Mais conhecido como “Dany, o Vermelho”, o jovem aluno de Sociologia da Universidade de Paris-Nanterre foi porta-voz e líder dos protestos estudantis iniciados em março, que ganharam a adesão de trabalhadores e que levaram a uma greve geral e revoltas nas ruas em maio. Filho de judeus alemães que escaparam do Holocausto, perdeu direito de residência na França após ser um dos pais do Movimento 22 de Março, como ficou conhecida a organização que deu a faísca para as marchas. Acabou voltando para o país de sua família, onde se manteve como ativista e editor pró-anarquismo. Posteriormente, foi professor e tornou-se deputado do Parlamento Europeu (2004-2014) com uma plataforma ecossocialista.

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Alain Geismar

Então secretário-geral do Sindicato Nacional do Ensino Superior, foi um dos maiores incentivadores das greves estudantis, usando a união de docentes para congregar apoio às ocupações. Então professor assistente de Física, era ligado à esquerda maoísta, o que lhe rendeu prisão em 1970. Depois, foi inspetor-geral de Educação Nacional e se manteve na área durante o resto da carreira profissional, vinculado ao Partido Socialista. Tem hoje 78 anos.

Jacques Sauvageot

Aos 25 anos, era vice-presidente da União Nacional dos Estudantes Franceses. Militante socialista, estudava Direito e História de Arte em Sorbonne, na qual tem papel ativo em negociar a saída dos policiais que intervieram na universidade durante os protestos. Virou presidente da união no ano seguinte, e, enquanto professor de História da Arte nas décadas seguintes, foi de 1983 até 2009 diretor da Escola de Belas Artes de Rennes. Morreu em outubro de 2017, em decorrência de um acidente de trânsito.

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Alain Krivine

Jornalista e secretário de redação na editora Hachette, dirigia a Juventude Comunista Revolucionária e tornou-se uma liderança nas ruas com os estudantes. Um dos presos na invasão policial a Sorbonne, fundou em 1969 a trotskista Liga Comunista Revolucionária, com a qual se candidatou diferentes vezes à Presidência e se manteve como ativista nas décadas seguintes. De 1999 a 2004, foi deputado no Parlamento Europeu. Aos 76 anos, ainda milita, agora pelo Novo Partido Anticapitalista.

Romain Goupil

Líder estudantil secundarista em 1968, com somente 17 anos, foi amigo próximo de Cohn-Bendit e militou com ele durante as revoltas apoiando uma plataforma trotskista. Tornou-se posteriormente cineasta e, no início da década de 2000, começou a chamar a atenção pelas posições mais conservadoras e a favor da Guerra do Iraque. Aos 66 anos, hoje é apoiador do governo de Emmanuel Macron.

Serge July

Também fundador e membro do comitê do 22 de Março, o ex-estudante de História da Arte que havia virado professor e vice da União Nacional dos Estudantes Franceses se tornou uma das vozes mais politizadoras do Maio de 1968. Após conhecer o filósofo Jean-Paul Sartre, começou a colaborar com ele e acabou fundando o “Libération”, jornal até hoje símbolo da esquerda francesa. Aos 75 anos, continua jornalista e editorialista político após afastar-se do diário na década passada.