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EUA e União Europeia negam ter planos para uma mudança de regime na Rússia

Na véspera, senador republicano sugeriu que alguém na Rússia 'eliminasse' o presidente Vladimir Putin; chefe da diplomacia europeia diz que sanções são relacionadas apenas à guerra
Presidente russo, Vladimir Putin, participa, por videoconferência, de cerimônia de hasteamento de bandeira Foto: ALEXEY NIKOLSKY / AFP
Presidente russo, Vladimir Putin, participa, por videoconferência, de cerimônia de hasteamento de bandeira Foto: ALEXEY NIKOLSKY / AFP

WASHINGTON E BRUXELAS — Representantes dos EUA e da União Europeia (UE) negaram nesta sexta-feira que as sanções econômicas e as políticas adotadas contra a Rússia em retaliação à invasão da Ucrânia sejam, na verdade, uma forma de pressionar pela saída de Vladimir Putin do poder e a criação de um novo governo no Kremlin.

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Durante reunião com representantes da Otan , dos EUA, da Finlândia e da Suécia, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou que as medidas foram adotadas como ferramenta para fazer com que Putin interrompa suas ações militares na Ucrânia.

— O objetivo das sanções é fragilizar a economia russa, fazer com que sinta o peso das consequências e fortalecer a posição dos ucranianos nas próximas negociações. Mas não tem a ver com uma mudança de regime na Rússia — afirrmou. Na mesma entrevista, Borrell declarou que tampouco pedirá ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que se renda.

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Pelo lado americano, uma declaração feita pelo senador republicano Lindsey Graham, na quinta-feira,  provocou polêmica mesmo entre os críticos do presidente russo: em entrevista à Fox News, ele disse que alguém na Rússia "deveria dar um passo adiante" e "acabar com esse cara".

— Há algum Brutus na Rússia? — disse, referindo-se à histórica conspiração contra o imperador romano Júlio César, assasinado em 44 a.C. — A única forma disso acabar é se alguém na Rússia acabar com esse cara.

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Na fala, Graham voltou a afirmar que "apenas os russos" podem resolver a atual crise.

— É fácil falar, mas difícil fazer. A menos que vocês queiram viver nas trevas pelo resto de suas vidas, serem isolados do resto do mundo em pobreza profunda e viver na escuridão, vocês precisam agir — concluiu. Ele já havia feito comentários semelhantes na rede conservadora Newsmax, quando disse estar de acordo com um golpe contra Putin.

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Como esperado, o Kremlin reagiu imediatamente. Segundo o secretário de Imprensa, Dmitry Peskov, tratou-se de um exemplo de "russofobia histérica".

— Claro, esses dias nem todo mundo está conseguindo manter uma mente sóbria. Eu diria até manter uma mente saudável — afirmou a jornalistas.

O embaixador russo nos EUA, Anatoly Antonov, criticou o que considerou ser um ódio "desproporcional" à Rússa no país e exigiu "explicações oficiais e uma forte condenação às declarações criminosas", em publicação no Facebook.

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Na tarde desta sexta-feira, a Casa Branca também se pronunciou, dizendo não apoiar uma mudança de comando em Moscou.

— Não estamos defendendo o assassinato do líder de um outro país ou uma mudança de regime. Essa não é a política dos EUA — disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.