• Ana Laura Stachewski
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 Maicon Ferreira, Marlon Cândido e Marcelo Wagner, fundadores da Suiteshare (Foto: Divulgação)

Maicon Ferreira, Marlon Cândido e Marcelo Wagner, fundadores da Suiteshare (Foto: Divulgação)

Vender pelo WhatsApp já não é uma prática só dos pequenos negócios. Marcas como Natura, Schutz, Mary Kay e Reserva utilizam a ferramenta para atender clientes. Algumas gigantes notaram o potencial mais cedo. Outras, após o fechamento das lojas pela pandemia. A startup Suiteshare saiu ganhando nos dois casos. A startup ajuda empresas a direcionar melhor os usuários nas conversas por mensagem.

O número de clientes praticamente dobrou neste ano. Entre as 300 empresas atendidas, de 30% a 40% são grandes marcas. Os exemplos anteriores são algumas delas. A ferramenta é especialmente atrativa para as que têm várias unidades e franquias. “Com a Suiteshare, elas conseguem divulgar um só link e levar clientes para lojas do Brasil inteiro”, diz Marlon Cândido, um dos fundadores.

A explicação está na oferta de uma espécie de ramal para as contas de WhatsApp. Ao clicar em um link no site ou na rede social da marca, o cliente pode selecionar a cidade em que mora e até a loja com quem deseja interagir. Agora, o plano é expandir o serviço para melhorar toda a jornada de compra pelo aplicativo.

Tirando do papel
A startup foi fundada em 2018 por Marlon Cândido, Maicon Ferreira e Marcelo Wagner. Os três moram na região metropolitana de Porto Alegre (RS) e se conheceram trabalhando em uma startup. Com interesses e insatisfações em comum, começaram a discutir ideias de negócio.

A primeira iniciativa foi lançar, em 2017, uma página que permitia criar links personalizados para direcionar clientes a números de WhatsApp, pulando etapas como a inclusão do número na agenda. Na época, segundo eles, a função não era tão popular e ficava limitada a desenvolvedores.

O serviço era oferecido gratuitamente, mas a popularização os motivou a monetizá-lo. Depois, com a continuidade do sucesso, decidiram desenvolver outras funcionalidades. Em 2018, durante um evento, acabaram chamando a atenção de um investidor anjo que aportou R$ 50 mil na ideia.

A startup nasceu naquele ano, com o nome de Whatsshare. Em 2019, após uma negociação com o WhatsApp, os sócios concordaram em mudar o nome para o atual. “Eles analisaram o que fazíamos e só tiveram problema com o nome. Isso validou nossa atuação e ajudou a nos consolidar como referência”, diz Cândido.

Também no ano passado, a startup recebeu R$ 200 mil em uma aceleração da Ventiur e conquistou seus dois primeiros grandes clientes: Mormaii e Arezzo. “Essa foi a virada de chave para desenvolvermos ainda mais nossas ferramentas.”

Interesse crescente
O principal serviço oferecido pela startup hoje é a possibilidade de direcionar os clientes para diferentes canais de WhatsApp. A solução permite que as marcas distribuam demandas entre lojas e apoiem operações de franqueados. Ela é oferecida por planos que custam de R$ 300 a R$ 14 mil por mês, dependendo do porte da empresa e da personalização do serviço.

As habilidades complementares dos sócios ajudaram no desenvolvimento. Marlon trabalhava com atendimento de suporte, Maicon era da área de desenvolvimento e Marcelo, do marketing. Os três trabalharam sozinhos até o ano passado, quando contrataram o primeiro funcionário. Hoje, são 15.

O interesse de empresas pelo serviço cresceu significativamente pela pandemia. A startup havia terminado 2019 com 180 clientes e hoje tem 300. “Quando uma empresa usa, acaba indicando. O concorrente vê e quer usar também”, diz Marcelo Wagner. A abertura de lojas, ponto-chave na digitalização de muitas marcas, não intimida os empreendedores. “Essa necessidade sempre existiu, só não era uma prioridade.”

Eles também não acreditam no potencial dos chatbots para substituir vendedores humanos na experiência de compra. A opinião é compartilhada por muitos consumidores: em uma pesquisa realizada pela startup Octadesk em parceria com o Opinion Box, 60% não concordam que o atendimento de um robô substitui o contato com outra pessoa.

Expansão
O plano da startup é lançar, nas próximas semanas, uma solução para melhorar a jornada de compra. A ideia é permitir que os vendedores direcionem clientes a links importantes, como o catálogo de produtos, sem perdê-lo no caminho. “Eles serão direcionados a uma página externa, mas aí são mandados de volta para o WhatsApp e recebem um link de pagamento”, diz Cândido.

A startup faturou R$ 1 milhão entre maio de 2019 e o mesmo mês de 2020 e espera fechar o ano em R$ 4 milhões. Os sócios agora negociam um contrato para atender, em nível global, uma grande marca de cosméticos. Também dizem estar avaliando propostas de aquisição por parte de grandes players.