Ministro da Educação afirma que não considera medo da pandemia motivo 'plausível' para faltar a provas do Enem

Milton Ribeiro cumpre agenda em Manaus nesta sexta-feira (13).

Por Karla Mendes, G1 Amazonas


Ministro da Educação em Manaus — Foto: Karla Mendes/ G1 AM

O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou, nesta sexta-feira (13), não considerar medo da pandemia de Covid-19 um motivo "plausível" para faltar a provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Medo não. Medo é muito subjetivo. As pessoas podem ter medo, inclusive, de ir mal na prova. Tem que ter uma coisa mais razoável, uma justificativa que seja no mínimo plausível, para eu poder autorizar a isenção”, afirmou o ministro ao ser questionado sobre candidatos que faltaram à última edição do Enem por medo da pandemia.

"A pessoa fazer a inscrição de graça, não ir e depois querer depois fazer várias provas, não pode. Tem que levar a sério o dinheiro público", disse.

O ministro, que cumpre agenda em Manaus, participou, na tarde desta sexta-feira (13), da inauguração do polo de inovação do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), no Campus Distrito Industrial.

Nesta semana, entidades estudantis e partidos políticos entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que seja reaberto o processo de inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, para que os candidatos reivindiquem a isenção da taxa.

De acordo com as regras do exame, pessoas em situação de vulnerabilidade e ex-alunos da rede pública têm direito de isenção na taxa de R$ 85 para fazer a prova. Os candidatos que na última edição do exame estavam isentos, mas não foram aos locais de prova, só poderiam ter a isenção novamente se justificassem o motivo.

Porém, apenas os motivos previstos no edital foram aceitos, como acidentes de trânsito no dia da avaliação, emergências médicas e assaltos, com a devida comprovação, por exemplo. O edital não incluía aqueles que não fizeram as provas por medo da pandemia ou com sintomas gripais, mas sem atestado médico.

Sobre o assunto, Milton afirmou que neste ano, 54% do total de inscrições no Enem tiveram isenção na inscrição e disse ainda que, como gestor, tem que administrar da melhor forma os recursos públicos.

“Entendo isso e também que muita gente estava desempregada, mas eu sou gestor público e gestor tem que cuidar dos recursos públicos. Eu, simplesmente, coloquei uma regra. Eu dei a oportunidade para essas pessoas poderem se justificar. Aquelas que não puderam se justificar dentro daqueles itens, eu eu não tenho como adivinhar algumas coisas. O que fiz foi dizer ‘olha, vocês não conseguiram, eu não posso’, se não eu pego o dinheiro público e jogo na lata do lixo”, comentou.

‘Universidade para poucos’

Mais cedo, durante evento em Manaus, o Ministro disse que foi “mal compreendido” sobre um pronunciamento em que defendeu universidade para poucos, em uma entrevista no dia 10 de agosto à TV Brasil.

De acordo com o ministro, a intenção era dizer que o Brasil precisa de mais técnicos e não de pessoas com graduação. A explicação foi reafirmada durante a inauguração do polo de inovação do Ifam, nesta sexta-feira (13).

Ao defender a fala, o ministro voltou a afirmar que o Brasil tem muitas pessoas com graduação, mas poucas oportunidades de emprego.

Recorde de abstenções

A última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi marcada pelo adiamento do exame (de novembro para janeiro), por conta da pandemia e pelo recorde de abstenções na prova.

O primeiro dia do exame teve 51,5% de candidatos faltosos e o segundo dia atingiu 55,3% de faltosos, do total de candidatos confirmados para o exame.

O índice de abstenção é considerado o maior da história do Exame. Antes, o recorde de abstenções tinha sido registrado em 2009.

A reaplicação do exame feita em fevereiro deste ano para estudantes do Amazonas, estado que suspendeu a realização do exame em janeiro, teve 72,6% de abstenções.

Veja os vídeos mais assistidos do G1 Amazonas