Por Aniele Santos e Dennis Maciel, Diário TV 1ª Edição


Paciente com Covid-19 recebe alta após 94 dias de internação no hospital de Suzano

Paciente com Covid-19 recebe alta após 94 dias de internação no hospital de Suzano

O especialista em treinamento de vendas Ricardo Lúcio Zuim ficou internado por 94 dias, sendo 56 em coma, em um hospital de Suzano, lutando com a Covid-19. Apesar das complicações, ele conseguiu vencer o novo coronavírus e se recupera em casa. A esposa do paciente mandava áudios que eram ouvidos por ele durante o processo de recuperação.

Para a família os dias foram de muita angústia com o estado de saúde de Zuim que piorava a cada dia. “A cada dia era uma notícia pior que a outra. O rim parou, o fígado parou, trombose. Então foram dias bem difíceis. Ele tinha 3% de chance para viver, então 3% é muito pouco. Então, cada telefonema era desesperador”, conta a esposa do especialista, Rosana Zuim.

Ele lembra que teve febre alta uma semana antes de ser levado ao hospital, no dia 10 de abril. Depois, desse primeiro sintoma e ainda sem cuidados médicos, retornou às atividades do cotidiano. Mas uma severa falta de ar deu o sinal de que era preciso uma investigação mais profunda sobre o caso.

Ricardo Zuim deixou hospital de Suzano depois de 94 dias de internação — Foto: Reprodução/ TV Diário

Ele relata que sempre teve muita fé, e por isso, no começo não teve medo. Mas que não imaginou que passaria tanto tempo no hospital. “Eu achei que fosse ser uma coisa mais rápida, que eles poderiam reverter o quadro mais rápido. Então, eu tava tranquilo até então. Só que depois que eu fui entubado e induzido ao coma, aí eu já não lembro de mais nada.”

Segundo a esposa, depois que o marido voltou da sedação, a melhora só começou depois que ela passou a enviar alguns áudios que eram reproduzidos diariamente para o companheiro pela equipe do hospital.

“Eu ouvia muito a voz dela nos sonhos. Mas como eu não tinha essa ciência de que era o áudio. Então eu não sabia se era o sonho ou se era o áudio dela”, diz Zuim.

Mesmo fora do hospital, ele ainda precisa de acompanhamento médico com fonoaudióloga e fisioterapeuta. Há quase um mês em casa, Zuim diz que já consegue dar alguns passos sozinho. Para ele, o que fica é o aprendizado em dar valor nas pequenas coisas e pede para que as pessoas não achem que essa doença só vá acontecer com o "outro".

O especialista destaca que quando estava no hospital se recuperando, assim que saiu do coma, praticamente não mexia nada do corpo, nem os braços e nem as pernas. “Então era horrível aquela sensação de impotência de você estar ali preso no seu próprio corpo e não poder fazer nada. Então, a lição que eu deixo para as pessoas, principalmente, nessa pandemia, é se cuidem gente. Esse vírus ele não tem uma direção, você só vai ter isso. Você vê, eu era uma pessoa saudável não tinha nada e peguei a pior versão do vírus. Eu cheguei até a quase morte. Então, precisa se cuidar, precisa fazer o isolamento social, precisa usar a máscara, precisa estar fazendo a higienização das mãos, precisa se cuidar mesmo.”

A psicóloga do hospital Daniele Aparecida Giamassi do Carmo acompanhou todo o processo do paciente. Ela conta que além da doença mexer com o emocional do paciente, ela é muito complicada porque faz com que a pessoa adoeça "sozinha" e por isso o trabalho psicológico é tão importante.

A psicóloga ressalta que o temor é tanto do paciente quanto da família. “A gente tá falando de uma doença, altamente contagiosa, com um número de óbitos muito grande falado na televisão todos os dias. Então, a primeira coisa é quando o paciente interna e ele pensa: ‘vou morrer’. Cada alta é uma sensação de dever cumprido. É muito gratificante participar desse momento do paciente e prestar esse suporte para ele e para família e faz toda a diferença nesse processo de recuperação.”

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