21/04/2010 06h49 - Atualizado em 21/04/2010 06h49

Com 312 mortes, temporais no RJ estão entre maiores tragédias do País

Desde janeiro de 2010, foram casos em Angra, Niterói e Rio.
Gripe espanhola, em 1918, matou 17 mil na cidade.

Patrícia KappenDo G1, no Rio

O Rio de Janeiro teve até a tarde desta terça-feira (20) 312 mortes causadas por chuva desde o começo de 2010. A tragédia no estado pode ser classificada como uma das maiores do Brasil, ficando atrás, dentro de um levantamento feito pelo G1, da gripe espanhola e do incêndio de um circo em Niterói, na Região Metropolitana, em 1961.

Relembre as principais enchentes no Rio no vídeo ao lado

Os temporais dos dias 5 e 6 de abril provocaram, até agora, 257 mortos.

A gripe espanhola, em 1918, teria matado 17 mil pessoas no Rio (em São Paulo, foram oito mil mortes em outubro do mesmo ano). A pandemia do vírus Influenza atingiu o mundo todo.

Angra dos Reis
No Rio, a chuva vem fazendo vítimas desde o primeiro dia do ano, quando dois deslizamentos em Angra dos Reis, no Sul Fluminense, deixaram 53 mortos. Um deles ocorreu no Morro da Carioca, em Angra, e o outro na Praia do Bananal, na Ilha Grande. Tragédia como estas, causadas por chuva, o professor de Geotecnia da Coppe/UFRJ Willy Lacerda só se lembra da ocorrida em 1967. Segundo ele, mais de duzentas pessoas morreram na ocasião no estado do Rio. No ano anterior, outras cem haviam morrido no estado, também por causa da chuva.

500 mortes em circo em Niterói

Só o município de Niterói já somou 168 mortes em deslizamentos provocados pela chuva em 2010. Além dessas, duas vítimas morreram em um outro deslizamento no começo do ano. O maior número de vítimas foi registrado no Morro do Bumba, onde 45 pessoas morreram.

Veja ao lado reportagem sobre a tragédia em Niterói, em 2010

Niterói já sofreu uma tragédia de proporções maiores: o incêndio do circo, em 1961, matou cerca de 500 pessoas.

O fogo que atingiu o Gran Circo Norte-Americano teria durado, segundo relatos da época, cerca de dez minutos e deixando, além dos cerca de 500 mortos, 120 pessoas mutiladas. Boa parte pisoteado ao tentar escapar com a lona em chamas. Dois homens foram condenados pelo incêndio. Wilson Marcelino Alves, o Dequinha, e Walter Rosa dos Santos, o Bigode, que, dias antes do crime, haviam sido repreendidos por um funcionário do circo ao serem surpreendidos tentando ver o espetáculo sem pagar. Eles teriam agido por vingança e foram condenados a 16 anos de prisão. Onze anos depois, Dequinha fugiu da cadeia e foi encontrado morto em um beco de Niterói. Bigode cumpriu 13 anos da pena e foi solto, em 1975, em regime de liberdade vigiada.

Acidentes de avião matam 557

O estado de São Paulo viveu drama parecido em 1974, também causado por um incêndio. O edifício Joelma, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, causou a morte de 188 pessoas e deixou outras 300 feridas. O fogo foi causado por sobrecarga elétrica, segundo laudos técnicos.

Veja no vídeo ao lado, a reportagem sobre o incêndio no Edifício Joelma, em 1974

A população brasileira sofreu com as 216 mortes ocorridas no mais recente acidente com um avião de grande porte em solo brasileiro, em 2009. O voo 447 da Air France decolou do Aeroporto Internacional do Rio rumo a Paris no fim do mês de maio de 2009 e fez o último contato com a torre por volta das 23h. O avião caiu no Oceano Atlântico, matando 216 pessoas, 59 delas brasileira e 72 francesas.

Nem todos os corpos foram resgatados,  e mais de 600 peças ou componentes do avião foram recolhidos na água.

Vídeo ao lado: o acidente com o voo 447 da Air France, em 2009.

Outros dois acidentes aéreos marcaram o Brasil. Um deles aconteceu no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando um avião da TAM atravessou a Avenida Washigton Luís, depois de pousar, e se chocou com um depósito de combustível. Todas as 187 pessoas que estavam a bordo morreram, além de 12 que estavam em terra, em julho de 2007.

Em setembro de 2006, 154 pessoas morreram quando um avião da Gol, que havia decolado de Manaus com destino ao Rio, colidiu com um jato executivo Legacy, na divisa do Mato Grosso com o Pará.

Chuva de 88 pode ter tido 300 mortos

Petrópolis, na Região Serrana do Rio, também vivenciou o clima trágico no fim da década de 80. Em 1988, 171 pessoas morreram em decorrência de chuva no local. “Em Petrópolis de 1988 foi escorregamento em encostas em áreas de risco, tinha muitas favelas, foi a mesma coisa do que houve em Niterói.

No vídeo ao lado, uma reportagem sobre a chuva que atingiu o estado em 1988

Houve deslizamentos localizados e corrida de detritos”, afirmou o professor Willy. A chuva de 88 atingiu outras partes do estado. Alguns levantamentos dão conta de que houve 300 mortos no estado na ocasião, em quatro dias de chuva consecutiva.
 

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