Edição do dia 06/04/2012

06/04/2012 21h45 - Atualizado em 06/04/2012 21h45

Gramados terão drenagem à vácuo para a Copa do Mundo

Sistema tem eficiência quatro vezes maior que a drenagem convencional. Gramas mais adaptadas ao clima brasileiro também serão usadas.

Quando se fala dos estádios da Copa do Mundo no Brasil, muitas vezes não pensamos em como ficarão os gramados. O repórter Tino Marcos foi investigar e conta as novidades e tudo sobre a tecnologia que está sendo usada.

Um casamento antigo: a bola e o gramado. E é hora de discutir a relação. “A bola realmente não tem uma velocidade, o estado do gramado é ruim e às vezes provoca lesão nos jogadores”, diz Ronaldo, membro do Comitê Organizador da Copa.

Ao longo de 90 minutos, é difícil dizer quanto tempo a bola passa sem contato com a grama, mas é pouco. A maior parte do tempo ela quica ou desliza sobre a grama. Na Copa das Confederações e na Copa do Mundo, a bola vai ter que quicar e deslizar da mesma maneira, de Manaus a Porto Alegre.

“É um trabalho muito difícil de ser feito, mas é necessário para que possa continuar depois da Copa do Mundo”, afirma Carlos de La Corte, consultor de arquitetura do Comitê Organizador.

Teremos 12 belas arenas, com generosas coberturas e mais conforto para o torcedor.

“O desafio maior pra nós aqui no Brasil é a questão das coberturas. Está se criando um microclima, um ambiente fechado onde a grama vai reagir de uma maneira diferente”, explica Maristela Kuhn, agrônoma consultora do Comitê Organizador.

Grama precisa de sol. E além do sombreamento dos estádios mais fechados, haverá menos ar circulando. “Isso predispõe o gramado a ser mais fraco, cheio de algas e suscetível à doenças”, completa Maristela.

A solução é mais embaixo. A novidade da Copa: drenagem a vácuo. Em caso de um temporal, a água é sugada com uma eficiência quatro vezes maior que a drenagem convencional. Mas o sistema também funciona no sentido inverso, injetando ar de baixo para cima, para refrescar a grama e torná-la mais saudável.

Outra novidade: já foram escolhidas as espécies de grama que serão usadas na Copa. “São gramas de clima quente, mais adaptadas ao clima do nosso país, como a Grama Bermuda’, diz o agrônomo Breno Couto.

A Grama Bermuda estará em todos os campos, mas nas sedes de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre os campos terão em menor quantidade algumas espécies de Grama de Inverno. “São gramas finas, que aparentemente são delicadas, mas pelo contrário, elas têm um crescimento muito acelerado, suportam muito as injúrias das chuteiras”, completa Breno Couto.

As injúrias das chuteiras. Calçados cada vez desenvolvidos para tracionar, para ajudar nas arrancadas, um problema a mais para os campos. E os jogadores de hoje correm muito mais que há algumas décadas.

São muitos desafios. Haja irrigação para dar conforto ao solo sagrado de uma Copa do Mundo.
O gramado e a bola. Promessa de um casamento inesquecível em 2014.