Dimas Covas: ‘Brasil pode ser o primeiro país a usar uma vacina graças a nossos esforços’
O Instituto Emílio Ribas, na Zona Oeste de São Paulo, começou a cadastrar nesta quarta-feira (15) os voluntários que se inscreveram para participar da terceira e última fase de testes da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan. No total, 9 mil profissionais de saúde participarão do estudo no Brasil.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o avião vindo da China com as doses da vacina deve chegar ao Brasil neste sábado (18).
O Emílio Ribas é um dos doze centros pesquisa no país selecionados para a última fase de teste da vacina. O espaço recebia as últimas adaptações nesta quarta-feira para que 700 voluntários possam receber as doses a partir de segunda-feira (20). (Veja o vídeo abaixo)
"Da mesma maneira que a gente sempre quer que alguém descubra a vacina, é importante que a gente também contribua para que isso aconteça", afirma uma médica de UTI que se inscreveu, mas que não pode ser identificada para não prejudicar a pesquisa.
Segundo o governo do estado, 600 mil interessados acessaram a plataforma de inscrição do Instituto Butantan nas primeiras 24 horas de recrutamento de voluntários.
O governo também anunciou que a aplicação das doses começa na segunda-feira (20).
Toda vacina precisa passar por etapas importantes até ser aprovada. Após a fase pré clinica, com testes em animais, há 3 fases de testes em humanos. Os testes precisam comprovar que a vacina é realmente segura, que produz anticorpos e protege contra o vírus.
Outra vacina que também está na terceira fase é a de Oxford, testada no Brasil pela Universidade Federal de São Paulo. Ela foi a primeira a receber autorização da Anvisa para os testes no país.
Instituto Emílio Ribas recebe inscrições de profissionais de saúde para testes de vacina
Instituto Butantan — Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Vacina chinesa
Começou nesta segunda-feira (13) a inscrição de voluntários para a terceira fase de testes da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela farmacêutica chinesa de biotecnologia Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Apenas profissionais de saúde que estejam atuando diretamente no combate à Covid-19 poderão participar do estudo.
Outros pré-requisitos são que os voluntários não tenham se contaminado pela doença anteriormente, mulheres não estejam grávidas ou planejem engravidar nos próximos três meses, e que os voluntários morem perto de um dos 12 centros de pesquisa que conduzirão o projeto.
Segundo o governador João Doria (PSDB), após o recrutamento, a vacina deve começar a ser aplicada nos voluntários na segunda-feira (20). Em todo o Brasil, serão escolhidos 9 mil voluntários distribuídos em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal.
A inscrição e triagem inicial dos voluntários começou nesta segunda por meio do site www.saopaulo.sp.gov.br/coronavirus/vacina. A plataforma permite que o interessado responda a algumas perguntas para saber se tem o perfil necessário para participar dos testes.
Após esta etapa, serão informados os endereços dos centros de pesquisa que devem ser procurados para confirmar a participação. O cadastramento nos centros de pesquisa participantes começa a partir desta terça-feira (14). Cada centro ficará responsável pelas informações coletadas dos voluntários, que serão sigilosas.
Na sexta-feira (3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a nova etapa do projeto. Na quinta-feira (9), o governador João Doria (PSDB) anunciou que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) também aprovou a realização dos testes.
"No mundo são 136 vacinas em desenvolvimento, 12 em estudos clínicos. Desses 12, apenas 3 estão na fase chamada fase 3. Então, a partir da aprovação da Anvisa, nós nos credenciamos como uma das 3 vacinas que têm grande chance de chegar ao público muito rapidamente", afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, no dia 6.
De acordo com o governo estadual, o Instituto Butantan está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A capacidade de produção é de até 100 milhões de doses. O acordo com o laboratório chinês prevê que, se a vacina for efetiva, o Brasil ficará com 60 milhões de doses para distribuição.
A parceria havia sido anunciada no dia 11 de junho. Na ocasião, Doria disse que, se comprovada a eficácia e segurança da vacina, ela será disponibilizada no SUS a partir de junho de 2021.
Esses novos testes da fase 3 da CoronaVac, nome da vacina, serão feitos em larga escala e precisam fornecer uma avaliação definitiva da eficácia e segurança, isto é, a vacina precisa ser capaz de criar anticorpos para imunizar contra a Covid-19.
CoronaVac
A vacina da Sinovac já foi aprovada para testes clínicos na China. Ela usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização.
Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).
Ela implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado. Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.
Cientistas chineses chegaram à fase clínica de testes – ensaios em humanos – em outras três vacinas. Uma produzida por militares em colaboração com a CanSino Biologics, e mais duas desenvolvidas pela estatal China National Biotec.