Por G1 Rio


A paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora mais jovem da história a receber um Prêmio Nobel da Paz, chegou ao Rio de Janeiro após passar por Salvador e São Paulo.

Malala Yousafzai visita comunidade na Zona Sul do Rio e faz grafiti de Marielle Franco

Malala Yousafzai visita comunidade na Zona Sul do Rio e faz grafiti de Marielle Franco

Durante o roteiro na cidade, Malala visitou a comunidade Tavares Bastos, no Catete, onde posou para fotos em um muro com o desenho da vereadora Marielle Franco, assassinada junto com seu motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março, no Estácio. No Twitter, ela explicou que a imagem foi feita por ela e integrantes da RedeNami.

"Hoje eu estive com as mulheres da @RedeNami e juntas nós fizemos um retrato da Marielle Franco. Como ativista, sei que ela inspirou muitas mulheres e garotas brasileiras e sei que elas levarão seu legado adiante".

No RJ, Malala posa ao lado de desenho de Marielle Franco — Foto: Reprodução/ Instagram Luisa Dorr

Na visita, Malala faz grafiti de Marielle Franco — Foto: Reprodução/RedeNami

Malala e mulheres da RedeNami e Afrografiteiras em Tavares Bastos, no Catete — Foto: Reprodução/Twitter RedeNami

A imagem do muro com o retrato de Marielle foi publicada pela fotógrafa Luisa Dorr nas redes sociais, que está acompanhando Malala em sua viagem ao Brasil. Mais tarde, Luisa postou uma imagem de Malala e o pai assistindo ao jogo entre Inglaterra e Croácia em um quiosque na orla do Rio.

O Rei Pelé e Malala trocaram mensagens nas redes sociais. Pelé faz uma saudação pela visita da Prêmio Nobel e comenta sobre as dificuldades do futebol feminino no país. Pelo twitter, Malala respondeu ao Rei do Futebol e diz que encontrou com jogadoras de futebol na praia e destaca que é importante apoiar mulheres atletas para que apareçam novos modelos.

Malala e o pai assistem ao jogo da semifinal da Copa do Mundo em quiosque na praia — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Malala também encontrou a artista Panmela Castro, que grafitou o retrato da paquistanesa e postou a imagem nas redes sociais. "Encontro emocionante hoje com a #Malala na @redenami. A pose é no #graffiti que eu fiz em sua homenagem", escreveu Panmela no Twitter.

Malala também encontrou a artista Panmela Castro — Foto: Reprodução/Panmela Castro

Antes de ir a Salvador, Malala esteve em São Paulo na segunda-feira (9), quando prometeu investir na educação do Brasil. Três brasileiras serão patrocinadas por ela.

Uma delas é a baiana Ana Paula Ferreira de Lima - uma das coordenadoras da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí), criada em 1979 para "promover e respeitar a autonomia cultural, política e econômica e o direito à autodeterminação dos povos indígenas".

Em entrevista exclusiva ao G1, Malala disse que decidiu passar a data de seu aniversário no Rio de Janeiro, ao lado de jovens brasileiras ativistas dos direitos da população indígena e negra. A comemoração acontecerá nesta quinta-feira (12).

Segundo a paquistanesa, a população não-branca do Brasil entrou no seu foco principal por ser justamente a que mais sofre com a falta de acesso à educação.

Malala disse também que visitar o Brasil era um grande sonho .

"Esse país é maravilhoso em termos de cultura e sinto toda a energia positiva que vocês me dão [...] Sou mulçumana, venho de uma terra muito distante e ao mesmo tempo me sinto em casa. Estou feliz de estar aqui", disse.

Ataque

No dia 9 de outubro de 2012, Malala foi alvo de um ataque a tiros por membros do Talibã. Ela estava em um ônibus escolar com outras meninas voltando para casa depois de mais um dia letivo, no Vale do Swat, onde morava no norte do Paquistão.

Aos 11 anos, ela escrevia com o pseudônimo Gulmakai para um blog da BBC contando as dificuldades que as meninas tinham para estudar no Vale do Swat. Mas, aos 15 anos, época em que foi baleada, já defendia publicamente o direito à educação para as meninas. Os radicais do Talibã acreditavam que a educação das meninas era uma afronta ao islamismo e destruíram centenas de escolas.

Baleada na cabeça, Malala sobreviveu ao atentado, que chocou o Paquistão, mesmo com a onda de violência e repressão por parte dos militantes do Talibã. Ela foi retirada do país com sua família e levada ao Reino Unido. Os médicos retiraram a bala de seu cérebro. Malala se recuperou, mas não retomou os movimentos do lado esquerdo do rosto e perdeu a audição do ouvido esquerdo.

Desde então mora na Inglaterra, onde retomou os estudos no ensino médio. Em 2017, cinco anos após o atentado, ela ingressou na Universidade de Oxford para estudar filosofia, política e economia.

Símbolo mundial

O atentado contra Malala a projetou internacionalmente. Dois anos depois do Talibã ter tentado matá-la, em 2014, quando tinha 17 anos, ela se tornou a pessoa mais jovem da história a receber um Nobel de Paz. Naquele ano ela dividiu o prêmio com o indiano Kailash Satyarthi.

Antes, em 2013, estampou a capa da revista Time, como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Em julho do mesmo ano, no seu aniversário de 16 anos, fez um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU) que repercutiu no mundo todo.

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