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"A desigualdade social é o principal desafio que a gente enfrenta no Brasil como sociedade, e essa desigualdade está rubricada na questão racial", diz Jair Roibeiro, coordenador do acordo (Foto: Klaus Vedfelt/Getty Images)

Propor e implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil e promover sua adoção por
empresas e investidores institucionais, contemplando ações que estimulem uma maior
equidade racial – muito centrada na adoção de ações afirmativas, na melhoria da
qualidade da educação pública e na formação de profissionais negros. Essa é a proposta do Pacto de Promoção da Equidade Racial, lançado hoje, dia 8.

Trata-se de uma iniciativa da Associação de Promoção da Equidade Racial, entidade privada e sem fins lucrativos desenvolvida durante um ano por um grupo de cerca de 140 pessoas, incluindo representantes da comunidade negra, especialistas financeiros e em ESG, acadêmicos, professores, advogados, econometristas, pesquisadores, empresários, profissionais do terceiro setor e líderes de ONGs e entidades.

"A desigualdade social é o principal desafio que a gente enfrenta no Brasil como sociedade, e essa desigualdade está rubricada na questão racial. Pelos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ente os 10% mais pobres da população, 78% são negros. Já entre os 10% mais ricos a situação inverte, só 24% são negros. A razão disso reside na ausência de políticas afirmativas pela inclusão da popução negra", apontou Jair Ribeiro, coordenador do Pacto e presidente da ONG Parceiros da Educação. 

"A sociedade como um todo, e a empresa é um dos seus steakholders, precisa fazer o que estamos chamando de investimento centrado em equidade racial, ou seja, ela precisa contibuir para a formação de negros, principalmente potencializando ou melhorando a qualidade da educação pública", acrescentou.

A partir da elaboração do Protocolo ESG Racial, a proposta é que as companhias trabalhem seus ambientes internos e, simultaneamente, contribuam para a transformação da realidade externa. Isso significa que elas devem investir na promoção da equidade racial entre seus próprios colaboradores e atuar positivamente nas comunidades nas quais estão inseridas.

Para isso, explicou Gilberto Costa, diretor executivo do Banco J.P Morgan Brasil e também coordenador do Pacto, é preciso aplicar ações afirmativas e ainda fazer investimentos sociais de caráter racial. "As ações afirmativas fazem parte do projeto, continuam como parte importante, mas sozinhas são conseguem resolver o problema no médio e longo prazo, porque é trazendo para fora dos muros das empresas os investimentos que ajudaremos a sociedade."

O processo de adesão é totalmente voluntário e gratuito. As organizações que tiverem interesse terão de assinar um termo de parceria com a Associação de Promoção da Equidade Racial e calcularão o seu respectivo Índice ESG de Equidade Racial (IEER), com o apoio de uma empresa certificadora.

Originalmente desenvolvido no âmbito de um estudo para a economia do Sul dos Estados Unidos, o IEER serve para medir o desequilíbrio racial dentro das companhias em termos de renda destinada a profissionais negros em comparação com o percentual de negros na população economicamente ativa na região em que a empresa atua.

Ele é dividido em três níveis: o N1 reflete a condição atual da empresa, atribuindo maior peso à participação de negros em cargos de liderança; o N2 considera a adoção de ações afirmativas, que contemplem o recrutamento, a permanência e a promoção de profissionais negros, assegurando uma mudança cultural sistêmica nas empresas e, o N3, leva em conta o compromisso com investimentos sociais voltados à formação integral de indivíduos negros, dando preferência programas de melhoria da qualidade da educação pública e a organizações com lideranças negras já atuantes.

"A sociedade ideal que a gente espera é que no futuro tenha convergência para um equilibiro racial, que indica ali um IEER próximo de zero. Usando o índice, conseguimos mapear como está o desequilíbrio racial nas empresas, ter um cenário atual mais claro e também saber como ele está evoluindo ao longo do tempo. Isso, por si só, tenderá a criar um incentivo endógeno para que as empresas se tornem mais comprometidas com a promoção da equidade racial”, complementou Michael França, pesquisador do Insituto de Ensino e Pesquisa (Insper), membro do Grupo de Construção do Pacto e um dos criadores do índice aplicado ao projeto.

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