Política
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Por Raphael Di Cunto, Marcelo Ribeiro, Matheus Schuch e Vandson Lima — De Brasília


Com a saída do DEM e MDB do blocão liderado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) na Câmara, integrantes e aliados do governo passaram a dizer que é hora de testar efetivamente a base aliada nas votações, principalmente em projetos da pauta de costumes defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, e tirar os cargos de quem não apoiar o governo para montar uma base mais fiel.

A fala é direcionada para DEM e MDB, que adotaram postura mais independente e votam contra os interesses do Executivo em vários projetos, mas têm cargos no segundo e terceiro escalões, principalmente, nos Estados. “Eles se dizem independentes, mas não vejo ninguém abrindo mão dos espaços”, reclama um dos vice-líderes do governo na Câmara.

No Palácio do Planalto, a avaliação é de que as próximas votações serão decisivas, mas que a saída de DEM e MDB do blocão comandado por Lira - hoje uma espécie de líder informal do governo - terá pouco reflexo no plenário da Câmara porque esses partidos já seguiam mais seus líderes do que o parlamentar e os interesses do governo. “É indiferente. Já não contávamos com esses votos”, disse um governista.

A ruptura teve contornos técnicos - como parte do blocão, eles não podiam apresentar requerimentos por si próprios - e políticos - de mostrar independência em relação ao governo na eleição municipal e da presidência da Câmara. Mas o discurso de DEM e MDB é manter o diálogo com o governo e, nos bastidores, de que os cargos são fruto da relação direta de cada deputado com o Palácio, sem a intermediação do partido.

A pauta econômica também seguirá blindada, afirmam, porque esses dois partidos, assim como o PSDB, Cidadania e PSL, tem votado a favor das reformas e marcos legais, mesmo que divergindo em um ponto ou outro. “Se mudar muito o cenário, tem que começar a punir. Eles [MDB e DEM] têm cargos no governo”, defendeu um auxiliar palaciano.

As críticas dos articuladores políticos do governo recaem também em outros partidos do Centrão que passaram a compor oficialmente a base na Câmara, mas nem sempre acompanham a orientação do Palácio nas votações. Republicanos, PTB e PSD dissentiram do Executivo em vários projetos em que seus deputados tinham interesses próprios, como o esporte.

Entre os governistas, fala-se que os verdadeiros testes ocorrerão nas próximas semanas, quando a pauta de combate à covid-19 ficará ainda mais restrita e entrarão agendas do pós-pandemia. Os dois projetos econômicos são a Lei do Gás, para quebrar a monopólio da Petrobras no setor, e a reforma da Lei de Recuperação Judicial e Falências.

Mas um aliado do governo vê nesses dois projetos, por serem da agenda econômica e já apoiados por esses partidos, poucas chances de traição. “A fidelidade mesmo será sentida na pauta de costumes”, comenta o parlamentar. Para voltar a agradar sua base ideológica, Bolsonaro resolveu defender a votação dos projetos do ensino doméstico e flexibilização do porte de armas.

Apesar desse prognóstico, é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quem decide a hora de pautar os projetos ou segurá-los. E ele já mostrou que sabe usar esse poder para derrotar o governo ou mandar recados, como ocorreu recentemente na votação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), mas também na medida provisória da regularização fundiária e no auxílio emergencial para atletas.

Maia está numa linha mais independente por entender que a eleição de seu sucessor passará, necessariamente, por uma aliança com a oposição, que conta com 130 votos, decisivos num segundo turno. Já Lira se aproximou de Bolsonaro e ajudou na distribuição de cargos e verbas para compor uma base.

O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), é peça-chave nesse movimento. Ele nega interesse em concorrer, mas é cotado para ser o candidato de Maia à sucessão. Essa articulação, porém, pode ter reflexos também no Senado, acredita um senador do alto escalão emedebista. Isso porque, se MDB e DEM resolverem jogar juntos na Casa vizinha, a costura afetará diretamente os planos do presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) de buscar a reeleição - que teria de passar por uma mudança constitucional.

Com DEM e MDB de um lado e PP, PL e PSD do outro, diminui a chance de aprovar uma PEC que permita a Alcolumbre permanecer na cadeira. Baleia, afirma esse senador, diminuiria a chance de outro emedebista ficar com o Senado, já que dificilmente Maia e seu grupo aceitariam ficar sem o comando das duas Casas. Pelo menos quatro senadores do MDB são dados como possíveis candidatos à presidência: Eduardo Braga (AM), Simone Tebet (MS), Renan Calheiros (AL) e Eduardo Gomes (TO), este último líder do governo no Congresso Nacional.

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