Por G1 Centro-Oeste de Minas


Campus Centro-Oeste em Divinópolis da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) — Foto: UFSJ/Divulgação

Um novo sistema criado por pesquisadores de universidades mineiras, incluindo a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) em Divinópolis, vai facilitar decisões clínicas para o controle da hipertensão e diabetes na atenção primária de saúde. Entre eles, postos comunitários em localidades com recursos limitados.

Também participaram da criação do sistema, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O anúncio do desenvolvimento da plataforma ocorreu na última semana.

Segundo a equipe envolvida, a ferramenta favorece a resolutividade da atenção primária em saúde, auxiliando na melhor efetividade das intervenções voltadas a essas duas condições crônicas.

Sendo assim, o profissional recebe suporte para os atendimentos e o paciente tem atendimento efetivo para a determinada condição de saúde.

Pesquisa

O grupo de pesquisadores já atua há 14 anos desenvolvendo softwares e aplicativos na área da telemedicina. Na equipe, estão docentes de sete instituições públicas, entre elas, a professora do curso de Medicina do Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO), em Divinópolis, Clareci Silva Cardoso.

Após o desenvolvimento do sistema, ele passou por testes junto aos profissionais que atuam na atenção primária em dez municípios do norte de Minas Gerais.

O estudo incluiu 29 centros de saúde em nove pequenos municípios do Vale do Mucuri, com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e em cinco unidades do sistema municipal de saúde de Teófilo Otoni.

Telemedicina

De acordo com a professora do curso de medicina Clareci, que é também coordenadora do polo universitário da UFSJ na Rede de Teleassistência de Minas Gerais (RTMG), o novo sistema é mais um importante resultado alcançado pelo grupo de pesquisadores.

“Essa rede foi desenvolvida como resultado da parceria entre sete universidades públicas de Minas Gerais que, sob a coordenação da UFMG, desenvolvem atividades de tele-educação e telediagnóstico”.

Ainda de acordo com a professora, em 14 anos de atuação, a Rede de Teleassistência já realizou mais de 5 milhões de eletrocardiogramas para as unidades de atenção primária de 814 municípios do Estado. Isso significa, segundo o núcleo, um acumulado de experiência no desenvolvimento de plataformas e aplicativos na área de saúde.

Na opinião da professora Clareci, esse é um trabalho importante para a UFSJ, pois contribui para a visibilidade da instituição no contexto nacional e global.

“As atividades de telessaúde têm colocado a UFSJ em um cenário ativo de produção científica internacional, além de possibilitar a afirmação de nosso papel social como instituição acadêmica: o de prestação de serviços à comunidade”, completou.

Utilidade da plataforma

A professora e pesquisadora da UFSJ disse que a nova plataforma desenvolvida tem várias funcionalidades, sendo que a primeira delas, é permitir a realização de exame clínico padronizado e atualizado, de acordo com as principais diretrizes científicas.

Por outro lado, baseando-se nas informações clínicas registradas pelo profissional, emite recomendações ou alerta para intervenção, como, por exemplo, reduzir ou aumentar a dose da medicação.

Outra funcionalidade é que o software permite à equipe de profissionais manter registro eletrônico dos atendimentos, possibilitando melhor acompanhamento da evolução clínica dos pacientes, e criando, por fim, condições para que a gestão em saúde conheça, por meio de relatórios eletrônicos gerados pelo sistema, subgrupos específicos de pacientes elegíveis para determinadas intervenções.

Ampliação

A equipe de pesquisadores destaca que acredita na potencialidade da ferramenta para utilização no contexto da atenção primária, pois se mostrou efetiva e de fácil utilização pelos profissionais.

Para Clareci, o principal desafio a ser enfrentado na utilização ampla desse software pelos sistemas de saúde é a inovação, a tecnologia, que muitas vezes exige mudança de comportamento ou de hábitos.

“No primeiro momento, essas ferramentas se apresentam como mais uma atividade, além de tantas outras já desempenhadas no cotidiano dos serviços médicos. Porém, logo a equipe reconhece que o tempo investido nesse começo é rapidamente compensado com a eficiência e efetividade da ferramenta na melhoria do cuidado prestado”, analisou.

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