Por France Presse


Uma mulher de máscara e outra sem passam por loja em Melbourne, na Austrália, na segunda-feira (20). O uso do acessório se tornou obrigatório após aumento de casos no país podendo ser punido com multa de 200 dólares australianos (R$ 740) — Foto: William West/AFP

A Austrália anunciou 502 novos casos de coronavírus nesta quarta-feira (22), o maior número já registrado no país, e as autoridades alertaram que as próximas semanas serão críticas na evolução da pandemia.

A grande maioria dos casos foi registrada nas últimas 24 horas no estado de Victoria, no sul, onde existem vários surtos em Melbourne e seus arredores, sob novas medidas de confinamento há duas semanas.

O pico anterior da epidemia ocorreu em 28 de março, quando foram registrados 459 casos, segundo dados reunidos pela AFP.

Naquele momento, o país conseguiu conter a propagação do vírus, a ponto de levantar as restrições. Como a Nova Zelândia, a Austrália foi elogiada por sua gestão eficaz da crise.

Mas nesta quarta-feira, o primeiro-ministro de Victoria, Daniel Andrews, anunciou 484 novas contaminações e duas mortes.

A Austrália contabiliza agora cerca de 13 mil casos de Covid-19, uma doença que deixou 128 mortos neste país de 25 milhões de habitantes.

A partir desta noite, os habitantes de Melbourne serão obrigados a usar máscara quando saírem de casa e, se não o fizerem, serão multados em 200 dólares australianos (R$ 740).

Um homem caminha pela Collins Street, rua comercial normalmente cheia em Melbourne, na Austrália, nesta quarta-feira (22), após o país relatar um recorde de 501 novas infecções por coronavírus — Foto: William West/AFP

Semanas "críticas"

Andrews considerou que outras mudanças comportamentais também serão necessárias.

Um estudo mostrou que 90% dos pacientes diagnosticados nas últimas duas semanas não se isolaram entre o momento em que tiveram os sintomas e quando fizeram o teste.

Na pendência dos resultados, mais da metade dos novos pacientes não observaram uma quarentena estrita.

O primeiro-ministro de Victoria explicou que muitos trabalhadores temporários não conseguem tirar licença médica e estão preocupados com a queda de sua renda.

No entanto, ele lembrou que poderiam pedir ajuda pública excepcional de 1.500 dólares australianos (R$ 5.550) se adoecerem.

As autoridades também estão preocupadas com a propagação da doença entre a população mais vulnerável devido a surtos em casas de repouso.

Em seis prisões, os detidos tiveram que ficar confinados em suas celas, porque um guarda deu positivo.

Essa nova onda acaba com a esperança de uma rápida recuperação econômica na Austrália, que deve sofrer sua primeira recessão em 30 anos devido ao coronavírus.

O primeiro-ministro de Victoria Daniel Andrews fala durante uma coletiva de imprensa em Melbourne, na Austrália, nesta quarta-feira (22) — Foto: William West/AFP

Investigações mostraram essa semana que o novo surto de coronavírus provavelmente está relacionado à falta de medidas de segurança em hotéis, onde os australianos que retornaram ao país ficaram em quarentena.

Os estados vizinhos fecharam suas fronteiras com Victoria. No entanto, foram detectados casos em Nova Gales do Sul.

A primeira-ministra deste estado, Gladys Berejiklian, disse que as próximas semanas serão "as mais críticas".

Sydney tem vários focos de contaminação, que as autoridades vincularam à visita a um pub de um homem de Melbourne que estava contaminado.

"Ainda não estamos fora de perigo, pelo contrário", disse Berejiklian em entrevista coletiva.

Dezesseis novos casos foram anunciados nesta quarta-feira em Nova Gales do Sul, um em Queensland e outro no sul da Austrália.

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