Inovação

Por Alessandro Feitosa Jr, G1


IBM, Universidade de São Paulo (USP) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) iniciaram nesta terça-feira (13) as atividades de um centro de inteligência artificial no Brasil.

O espaço vai se dedicar ao desenvolvimento de pesquisas relacionadas a temas como saúde, meio ambiente, cadeia de produção de alimentos, futuro do trabalho e no desenvolvimento de tecnologias que possibilitam a interação com máquinas usando fala ou escrita em português.

Centro de inteligência artificial fica no InovaUSP, no campus da USP em São Paulo. — Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O projeto, que tem seu nome simplificado para a sigla em inglês C4IA, está sediado no prédio do Centro de Pesquisa e Inovação InovaUSP, localizado no campus da USP em São Paulo.

Ele terá uma segunda unidade destinada a capacitar estudantes e profissionais, no Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC), no campus da USP em São Carlos.

Com financiamento de até 10 anos, a IBM e Fapesp irão reservar, cada uma, até R$ 2 milhões anualmente para implementar os programas do C4AI. A USP investirá pelo menos R$ 4 milhões por ano em instalações físicas, laboratórios, professores, técnicos e administradores para gerir a iniciativa.

Mais de 60 pesquisadores de 14 unidades de ensino e pesquisa da USP estarão envolvidos nos estudos.

A maioria dos resultados da pesquisa do C4AI, incluindo dados e códigos, será disponibilizado em um modelo de código aberto, o que permitirá seu uso por outras empresas, de acordo com Ana Paula Assis, Gerente Geral da IBM América Latina.

"O acordo prevê que a propriedade intelectual criada conjuntamente por USP e IBM seja co-propriedade de ambas, incluindo invenções e código, mas a intenção é disponibilizar o máximo possível através de inovação aberta para beneficiar o constante desenvolvimento do ecossistema de inovação do país", disse Ana Paula Assis ao G1.

As áreas de pesquisa

Neste início, o centro irá trabalhar em cinco temas:

  • cadeia de produção de alimentos, com foco especial a de pequenos produtores para resolver questões como desperdício de água e alimento;
  • saúde, com o objetivo de melhorar o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação de pacientes de acidente vascular cerebral (AVC) e investigar formas de melhorar a escolha de protocolos de reabilitação em casos de AVC;
  • políticas públicas e o futuro do trabalho, com coleta de dados para uma análise sobre impacto da inteligência artificial nos empregos e no futuro do trabalho;
  • interação com máquinas em português, com ferramentas e dados para treinar sistemas de diálogo no idioma para aprimorar os serviços de atendimento ao cliente, o treinamento de assistentes virtuais, o monitoramento de redes sociais, entre outros;
  • pesquisa com aprendizado de máquina – campo de estudo no qual algoritmos podem identificar padrões e tomar decisões com pouca intervenção humana – para auxiliar a pesquisa na Amazônia Azul, região do oceano Atlântico na costa brasileira rica em biodiversidade, com o objetivo responder perguntas como “o que causou o aparecimento de manchas de óleo na costa nordeste do Brasil?”

Comitês de acompanhamento

O centro terá três comitês para avaliar os avanços e definir temas de interesse para a ciência, indústria e sociedade:

  • um deles irá função avaliar o progresso científico;
  • outro contará com a participação de representantes de empresas de diversos setores, órgãos públicos e sociedade civil, que irão colaborar para que os desenvolvimentos tenham impacto na indústria, na economia e na sociedade;
  • o último promoverá a participação de mulheres, afrodescendentes e outros membros da sociedade para que haja participação mais inclusiva no setor de IA.

Os critérios composição e o funcionamento desses comitês serão definidos nos próximos meses.

"Preocupação com questões éticas em IA é central no C4AI e será endereçada diretamente por uma das linhas de pesquisa", disse Ana Paula Assis.

"O fato do C4AI promover a criação de bases abertas para pesquisa e indústria, a partir de dados coletados no Brasil, deverá contribuir para diminuir o viés de sistemas de IA pesquisados e desenvolvidos no país, muitas vezes treinados com bases de outros países", afirmou.

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