• Mariana Fonseca
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Alimentos entregues pela Raízs (Foto: Helena Mazza/Raízs/Divulgação)

Alimentos entregues pela Raízs: aplicativo tem 2.000 itens disponíveis (Foto: Helena Mazza/Raízs/Divulgação)

Tanto a entrega em domicílio quanto as preocupações com a saúde explodiram nesta pandemia. A Raízs combinou essas duas necessidades e já expandiu seu faturamento em dez vezes no último semestre.

A foodtech tem um aplicativo de delivery de alimentos orgânicos e conecta os agricultores aos consumidores. O plano no "novo normal" será expandir sua participação de mercado dentro e fora da cidade de São Paulo --  e alcançar um faturamento de R$ 20 milhões.

Ideia de negócio: delivery de orgânicos
A Raízs foi criada pelo engenheiro e consultor estratégico Tomás Abrahão. "Sempre tivemos a alimentação orgânica como uma questão forte em casa, procurando saber exatamente o que entrava em nossos corpos", conta Abrahão. "Queria mudar essa cadeia em que agricultores ganham pouco e consumidores pagam caro."

O mínimo produto viável da foodtech começou a ser desenvolvido em 2014: uma tecnologia que garantisse menos desperdício de comida, uma margem maior aos agricultores e um preço menor aos consumidores finais. Em abril de 2016, a Raízs começou a operar.

A cadeia tradicional da agriculta tem cinco passos: agricultor, distribuidor rural, distribuidor urbano, supermercado e consumidor. A Raízs diminui a cadeia para três passos: agricultor, aplicativo e consumidor.

Com base no histórico de compras, a Raízs desenvolve um planejamento de seis meses a um ano junto com os agricultores cadastrados. A foodtech cuida da seleção, do estoque e da entrega rastreável. "O produtor tem certeza do que ele vende e o consumidor, de que ele vai receber. Reduzimos perdas de alimentos ao longo do processo e os itens chegam mais frescos", diz Abrahão.

O consumidor pode realizar pedidos avulsos ou customizar uma cesta de produtos assinada. Por exemplo, pedir cinco frutas, cinco verduras e cinco embalagens de leite por semana. Também indica restrições alimentares e produtos preferidos. São 2.000 itens à disposição, que vão desde cupuaçu de produtores na Amazônia até leite de Minas Gerais e arroz de Santa Catarina.

A Raízs afirma pagar 20% acima do mercado ao agricultor e vender por 25% menos ao consumidor. O aplicativo tem 900 produtores e 30 mil clientes cadastrados. 88% dos clientes voltam para uma segunda compra. A foodtech estima uma participação de 30% no mercado de orgânicos online na cidade de São Paulo. O objetivo não é apenas substituir compras de frutas e verduras nos hortifrútis, mas outros alimentos adquiridos em supermercados.

Agricultores que vendem pela Raízs (Foto: Ana Beatriz Pereira/Raízs/Divulgação)

Agricultores que vendem pela Raízs (Foto: Ana Beatriz Pereira/Raízs/Divulgação)

Pandemia e crescimento
A Raízs triplicou a quadruplicou anualmente nos últimos três anos. A pandemia aumentou a demanda pela entrega de alimentos orgânicos por aplicativo. "As pessoas tiveram uma mudança de olhar sobre a comida, que virou ainda mais uma questão de saúde. Elas pensam mais sobre o que consomem e se há algum tipo de veneno. Estamos atingindo o que planejávamos para o final do ano", diz Abrahão. Apenas no primeiro semestre deste ano, multiplicou seu tamanho por dez vezes sobre o primeiro semestre de 2019.

A Raízs faturou R$ 4,7 milhões no ano passado e projeta ganhos de R$ 20 milhões em 2020. Além de aumentar a participação em São Paulo, a foodtech expandirá para Campinas e para o Litoral Norte do estado. Em 2021, será a vez de Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.