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Por Jornal Nacional


Funcionários de hospital do Rio denunciam falta de remédios para manter pacientes sedados

Funcionários de hospital do Rio denunciam falta de remédios para manter pacientes sedados

Funcionários e diretores de um hospital municipal do Rio afirmaram que pacientes com a Covid-19 morreram, no domingo (3), por falta de medicamentos. A Defensoria Pública e a prefeitura abriram investigação.

Um funcionário que estava domingo (3) no plantão do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla faz um relato dramático: “Faltaram medicamentos como Midazolam, Nora (noradrenalina), Fentanil. E, por conta disso, pacientes foram a óbito”, diz um enfermeiro.

Uma enfermeira também reclamou: “Não está tendo medicação. Midazolam, Fentanil, né. E aí a gente tem que ficar se virando, tem que ficar falando, tem que ficar pedindo”, conta.

No domingo (3), diretores, coordenadores do hospital e representantes da Prefeitura do Rio conversaram em um grupo de mensagens por telefone. Um dos diretores do hospital disse: "Precisamos fechar imediatamente o serviço". O chefe de outro setor responde que o hospital estava sem o Midazolam e o Fentamil, drogas imprescindíveis para a sedação de pacientes no CTI, entubados em ventilação mecânica.

O Jornal Nacional teve acesso ao sistema do estoque do hospital. O medicamento Midazolam estava zerado na tarde de domingo (3).

O presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Rio de Janeiro explica que esses remédios são usados para deixar o paciente que está intubado em coma induzido. “O que vai acontecer é que o paciente não vai se adaptar ao ventilador, ele vai fazer com o respirador uma briga. Ou seja, ele vai querer respirar junto com o respirador e isso tem consequências muito ruins para o paciente nessa situação”, explica Joel Passos.

Quatro funcionários do hospital e um dos diretores, que não quiseram se identificar, confirmaram que seis pessoas morreram no domingo na UTI por causa da falta desses medicamentos. Segundo um dos chefes da unidade: “Pessoas doentes com Covid, mas não esperava óbito naquele momento”.

Um diretor sugeriu a transferência de pacientes e disse: "Teremos, infelizmente, um número de óbitos expressivo por falta de medicamentos".

No fim da noite de domingo, o hospital recebeu medicamentos emprestados de outras unidades.

Na tarde desta segunda-feira (4), Segunda à tarde a Defensoria Pública do Estado requisitou à prefeitura os prontuários e os atestados de óbitos. A Defensoria quer saber se houve relação entre as mortes e a falta de medicamentos.

Um funcionário do hospital fala que as equipes estão enfrentando esse problema há mais de uma semana: “Sem esses medicamentos, na verdade, vamos ter muitas baixas, muitos óbitos aí desses pacientes, infelizmente. Uma pena. Isso deixa a gente bastante chocado e bastante triste”.

Alexandre Campos, membro do gabinete de crise da prefeitura, afirmou que foram retirados medicamentos do Ronaldo Gazolla para o hospital de campanha da prefeitura na Riocentro – que estava sendo inaugurado na sexta-feira (1º) – e negou que tenha havido falta de medicamentos.

“Não faltou medicamento dentro do Hospital Ronaldo Gazolla, havia opções, como há hoje. Os estoques de medicamentos estão todos muito restritos e nós estamos fazendo sindicância que irão apurar exatamente as condições em que isso ocorreu. Se isso ocorreu. Assim que as sindicâncias concluírem algo, as responsabilidades vão ser tomadas”, afirma Alexandre Campos.

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