• Rennan A. Julio
Atualizado em

Fundada em 2018 por ex-executivos do unicórnio 99, a Kovi chegou ao país com a proposta de ser uma locadora de automóveis que oferecia condições facilitadas para motoristas de aplicativos. De lá para cá, a startup criada por Adhemar Milani Neto e João Costa contabilizou uma série de ganhos. Com mais de US$ 30 milhões levantados, a empresa tem hoje uma frota de 12 mil veículos, em São Paulo e na Cidade do México, e um time de 700 pessoas. Agora, a Kovi quer entrar em um novo capítulo da sua jornada. A startup acaba de levantar US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) em uma rodada Série B. A ideia é mostrar que sua proposta vai além do motorista de aplicativo.

Kovi, startup de mobilidade que opera como locadora de automóveis (Foto: Divulgação)

Kovi, startup de mobilidade que opera como locadora de automóveis (Foto: Divulgação)

“Nascemos com esse foco, mas agora estamos de olho em um público muito mais amplo e flexível, formado não necessariamente por motoristas profissionais”, conta a PEGN Adhemar Milani Neto. O aporte foi liderado por Valor Capital Group e Prosus Ventures. Também contou com a participação de fundos como Globo Ventures, PIPO Capital, Norte Ventures, Quona, GFC, Monashees, Ultra Venture Capital, Maya Capital e ONEVC, de figuras públicas como Justin Mateen (cofundador do Tinder) e do family office de Peter Thiel, cofundador do PayPal.

“O aporte estava no pipeline, mas não era para ser tão grande”, diz Milani Neto, que enxerga a rodada como um reconhecimento da solidez e da maturidade do negócio. “Em um ano tão difícil, crescemos mais de 70%”, afirma. Ele destaca também que a Kovi atingirá o break-even ainda neste ano. Mas não irá diminuir o ritmo. “Vamos trazer time para expandir a companhia.”

Com o dinheiro, a empresa pretende dar alguns passos. O primeiro deles será acelerar a expansão nacional e a internacional (na América Latina). Milani Neto vê a região com prioridade, principalmente as capitais. Para o futuro, não descarta mercados considerados potenciais, como Europa e África.

Desenvolvimento tecnológico também está na mira. Boa parte da rodada será investida em ferramentas de internet das coisas, análise de dados e machine learning. O objetivo é melhorar, por exemplo, os algoritmos de previsão de riscos e de cotação de seguros, solução recém-lançada pela companhia. No mais, a fim de reforçar sua presença com um público early adopter, que não tem interesse em ser dono de um automóvel, a Kovi também investirá no modelo pay-per-mile. Serão lançados planos mais acessíveis e justos, de acordo com o comportamento do usuário. Na visão da startup, o avanço dessa tecnologia permitirá atender tanto motoristas de aplicativos quanto clientes que usam o carro por períodos curtos.

Para Milani Neto, esse foi um dos grandes aprendizados. “Percebemos que nosso cliente não é um motorista de aplicativo, ele ‘está’ motorista de app. E precisa de flexibilidade. No mais, o mundo caminha para modelos de assinatura. Foi assim com filme, música e, agora, carros”, diz.

Novos parceiros
Entre os principais desafios da nova jornada, o cofundador conta que manter a cultura de um negócio que cresce exponencialmente é a principal dificuldade. Como exemplo, cita a operação mexicana, que hoje tem 40 colaboradores. “Investir nas pessoas, montar times e garantir que há um alinhamento é desafiador. Fazer isso nas próximas operações será um processo de aprendizado”, pontua Milani Neto.

Os investidores serão importantes no novo momento da Kovi. Na sua visão, a experiência dos fundos que hoje compõem o portfólio da startup é completa. “São pessoas que acompanharam o rápido crescimento de startups grandes, como iFood, Loft e Stone, ou que têm experiência no mercado de automóveis”, afirma. A Globo Ventures, por exemplo, traz à mesa da Kovi um aprendizado vasto sobre a persona brasileira, diz. “É uma expertise de marketing muito valiosa.”

O conceito de montar uma “sociedade” por trás da companhia é outro ponto considerado fundamental. “Não somos uma startup típica de ‘founder’”, conta. Segundo Milani Neto, para construir um modelo de empresa bem-sucedida, com décadas de história, é necessário ter pessoas que pensam melhor do que o próprio fundador. “A diversidade de sócios ajuda a empresa a questionar e traz solidez ao negócio.”

*reportagem atualizada às 09:42 do dia 18 de agosto, com a adição da informação sobre a participação dos fundos PIPO Capital e Norte Ventures na rodada.