Brasil
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Por Bruno Villas Bôas e Alessandra Saraiva, Valor — Rio


A crise econômica enfrentada pelo Brasil nos últimos anos prejudicou ainda mais as famílias mais pobres. Depois de mais de uma década em declínio, a fome voltou a crescer e atingiu 10,284 milhões de pessoas de meados de 2017 a meados de 2018 — o correspondente a 5% da população brasileira.

Divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) mostra que a insegurança alimentar grave havia recuado de 8,2% da população em 2004 e para 5,8% em 2009. Em 2013, a proporção havia cedido para 3,6%.

A melhora registrada ao longo de uma década tirou o Brasil do Mapa Mundial da Fome em 2014, segundo relatório global divulgado à época pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O Brasil foi um dos destaques do relatório daquele ano. O indicador da fome volta agora a mostrar piora no país.

Para identificar o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, caracterizada pelo consumo insuficiente de alimentos, inclusive entre as crianças, o IBGE consultou 57.920 domicílios entre junho de 2017 e julho de 2018, período abrangido pelo governo Michel Temer.

O IBGE fez 14 perguntas para as famílias, entre elas se alguém do domicílio “comeu menos do que devia por falta de dinheiro” e “sentiu fome, mas não comeu por falta de dinheiro” nos 90 dias anteriores. As respostas geraram pontuações que determinaram a classificação das famílias na pesquisa.

Os resultados mostram que 36,7% das famílias brasileiras vivam com algum nível de insegurança alimentar, o correspondente a 25,3 milhões de domicílios. Essa insegurança é dividida conforme a severidade: leve (24% do total das famílias), moderada (8,1%) e grave (4,6%).

André Martins, gerente da POF, explica que a insegurança leve inclui famílias que abriram mão de qualidade de alimentos para não comprometer a quantidade consumida, preocupadas com o futuro. Esse grupo passou a representar 24% dos domicílios do país 2017/2018, de 14,8% em 2013.

Outro grau de severidade, a insegurança alimentar moderada inclui famílias que sofrem com a falta de alimentos, mas não passam fome. Segundo o IBGE, 8,1% das famílias estavam nessa situação no período de 2017/2018, frente a 4,6% em 2013.

Já a proporção de famílias em situação de insegurança alimentar grave subiu de 3,2% em 2013 para 4,6% em 2017/2018, atingindo 3,1 milhões de domicílios. Nesses lares faltou alimentos, inclusive entre as crianças, com a fome sendo “uma experiência vivida”, segundo a pesquisa.

“Observamos que houve redução da segurança alimentar. Percebemos características que conhecemos desses domicílios com insegurança alimentar, como menor acesso saneamento básico. Despesas de consumo, como habitação, levam boa parte do orçamento dessas famílias”, diz.

O período da pesquisa foi marcado pelo lento processo de recuperação da economia após a recessão de 2014 a 2016, oriunda de equívocos da gestão macroeconômica de anos anteriores. Foram anos de desemprego elevado, perda da renda, aumento de miseráveis no país.

A situação mostrou-se mais grave nas regiões Norte e Nordeste, um padrão que se repete em outros indicadores sociais. Na região Norte, 10,2% dos domicílios pelo menos um morador tinha fome, seguido pelo Nordeste (7,1%). O percentual era menor no Sul (2,2%) e Sudeste (2,9%).

Também era mais grave nas áreas rurais, outro padrão conhecido da fome. Dados da pesquisa mostram que 7,1% dos domicílios tinham situação grave de insegurança alimentar, acima do registrado nas áreas urbanas (4,1%). Regiões rurais costumam ter menores rendimentos.

Há pouco mais de um ano, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a fome no Brasil seria uma “grande mentira”. “Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não”, afirmou o presidente na ocasião.

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