• Giovana Oréfice
Atualizado em
Black friday será marcada pelo hábito digital do consumidor (Foto: Pexels/Reprodução )

Black Friday será marcada pelos hábitos digitais do consumidor (Foto: Pexels/Reprodução )

A pouco menos de dois meses do maior evento de vendas do Brasil, a Black Friday já começa a ser vista como promessa para aquecer o varejo. Em um cenário de pandemia nunca antes visto, os novos hábitos de compra da população serão fator decisivo para o sucesso da data. Segundo Tiago Cardoso, diretor geral para a América Latina da Criteo, a expectativa é que esta seja a maior Black Friday para o setor varejista de todos os tempos, alavancado pelo boom do comércio eletrônico.

As medidas de isolamento social durante os estágios iniciais da pandemia no país foram cruciais para o novo comportamento dos consumidores. “Antes eu ia até uma loja de minha preferência e comprava alguma coisa. De uma hora para outra, isso não foi mais possível”, aponta Cardoso, referindo-se ao processo de migração para as compras online. Para se adequar ao consumo, as pessoas passaram a procurar novos meios de realizar compras e encontraram no e-commerce a solução para as restrições da quarentena.

Ainda que os impactos da covid-19 na macroeconomia tragam limitações às finanças pessoais, espera-se que a temporada de descontos renda bons frutos. O diretor geral acredita que a Black Friday, por se tratar da oferta de produtos a um preço mais baixo, é um momento em que os clientes aproveitam para gastar o que seguraram durante o ano, devido à crise.

A grande aposta para evento é o e-commerce. De acordo com Tiago Cardoso, a partir da experiência adquirida desde março, muitas empresas já vêm conquistando a confiança do consumidor no ambiente digital, e isso pode ser positivo para a decisão de compra durante a sexta-feira mais famosa do ano. “Houve uma evolução geral do e-commerce no desenvolvimento de ferramentas para atender o público.”

Uma pesquisa realizada pela Criteo com 14 mil varejistas em 38 países mostrou que as vendas no varejo online no Brasil foram 70% maiores durante a semana de 29 de junho a 5 de julho, em comparação com a semana de 3 a 9 de fevereiro. 

A volta das vendas presenciais em pauta

Com o relaxamento das restrições impostas ao comércio, a Black Friday não está presa ao ambiente digital. No levantamento Peak to Recovery, também realizado pela Criteo, dados indicam que 66% dos mais de 16 mil entrevistados em 15 países já se sentem confortáveis ou se sentirão, ainda neste mês, em frequentar shoppings.

Cardoso aponta que as lojas devem estar preparadas para receber os clientes com segurança, evitando aglomerações. Para isso, precisam planejar o atendimento e a infraestrutura e fazer uma oferta adequada. 

Além disso, é necessário ter em mente que, hoje, os usuários são multicanais. Ou seja, o cliente pode ter acesso ao produto no digital e comparecer à loja física sabendo exatamente o que deseja levar para casa. Segundo Cardoso, o acesso à informação facilita a venda a digital, mas também cria mais variedade de canais onde o cliente pode efetivar a compra. 

A normalização gradual das vendas presenciais – ainda que dentro dos padrões de segurança da pandemia – deve levar em conta as necessidades centrais do consumidor. Cardoso alerta que, caso a experiência do comprador tenha sido positiva no canais digitais, é preciso mantê-lo satisfeito na loja física para uma possível fidelização futura. Quando se trata de clientes em potencial, ele recomenda caprichar na vitrine para mostrar que a loja oferece determinado produto. 

Experiência do cliente como foco

Atualmente, o mercado varejista no Brasil encara uma concorrência conhecida como “guerra dos fretes”. A popularização do comércio eletrônico gerou a necessidade da agilização e diminuição do tempo de entrega de mercadorias. A expectativa é que a tendência se mantenha durante a Black Friday. Para Cardoso, a regra das entregas dentro do prazo deve ser seguida à risca para garantir a satisfação contínua do cliente.

Ele afirma ainda que, até o pagamento, a experiência de compra deve ser a melhor possível. Para isso, é necessário fazer uma revisão completa da infraestrutura tecnológica dos canais a fim de absorver as vendas e receber com sucesso o pico de demandas que a data proporciona. “É preciso ter cuidado com a experiência do usuário”, ressalta.

Black Friday para todos

Por se tratar de um evento global, empresas de micro e pequenos portes devem ter consciência de que a data é oportuna para que apresentem e ofereçam seus produtos e serviços às pessoas. “É um momento no qual os usuários estão mais propensos a comprar, isso é fato”, diz Cardoso.

A chave para o sucesso está na construção da relação com o consumidor. Assim como os grandes varejistas fazem, é necessário se adequar à concorrência do mercado em termos de tecnologia e infraestrutura, com site e logística funcionais, por exemplo. O diretor aconselha a formação de parcerias com empresas especializadas, a fim de oferecer ao cliente uma compra satisfatória e garantir que ele retorne em um futuro próximo.