• Fernando Barbosa
Atualizado em
Bernardo Vale e Henrique Echenique são os cofundadores da Marvin (Foto: Divulgação)

Bernardo Vale e Henrique Echenique são os cofundadores da Marvin (Foto: Divulgação)

Após receber um aporte da Mauá Capital, gestora de investimentos de Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, em maio, a fintech de recebíveis de cartões Marvin chegou ao mercado avaliada em R$ 65 milhões. Agora, a startup anuncia uma nova rodada liderada pelo fundo de venture capital Canary, com a participação de Eduardo Gouveia, ex-CEO de companhias como Cielo, Alelo, Livelo e Multiplus. O valor do aporte e o valuation não foram revelados.

Fundada por Henrique Echenique (ex-Itaú, banco BBA e CERC) e Bernardo Vale (ex-Monkey Exchange, Stone e BTG Pactual), a Marvin teve o impulso para começar no momento em que passou a valer a Resolução 3.952 do Banco Central, que dispõe sobre o novo sistema de pagamentos.

De forma simples, os recebíveis são as receitas que os lojistas têm a receber de uma transação em cartões de crédito ou débito. Com a nova regra, eles podem usar essas receitas em empréstimos ou vendê-las no mercado, o que contribui para reduzir problemas de fluxo de caixa, por exemplo. Segundo o BC, o potencial de movimentações do setor é de R$ 1,8 trilhão por ano.

Anteriormente, a ideia dos sócios era fazer uma nova captação no prazo de 12 a 18 meses, após a demonstração de resultados e a expansão no número de contas atendidas. No entanto, segundo Vale, logo nas primeiras conversas, eles perceberam que poderiam agregar valor ao serviço com a entrada de Gouveia.

"Não foi uma abordagem financeira, mas de criar valor em conjunto. Eles fizeram um estudo de caso e a gente acabou se encantando com as pessoas e com o modelo da abordagem", diz Vale. No caso da Canary, as tratativas tiveram início na semana seguinte ao anúncio da fundação da fintech. “O fundo possui um ‘track record’ em venture capital e entendeu bem o nosso negócio”, completa.

Os investimentos serão usados para ampliar os times internos e em novas tecnologias. Aos poucos, a fintech vem reforçando a equipe. Em maio, eram 12 colaboradores. A previsão é encerrar agosto com 22 pessoas e chegar a dezembro com 40 funcionários. "Isso vai nos ajudar a chegar em um ano ou um ano e meio muito mais parrudos do ponto de vista da tese em si, do que se a gente tivesse buscando um segundo cheque", diz Vale

A Marvin deu os primeiros passos com cinco grandes indústrias em carteira, mas também beneficiando os cerca de 8 mil clientes de cada uma dessas enterprises. Agora, três meses depois, são 22 grandes empresas, entre laticínios, indústria de cimento e de linha branca, shopping center, combustíveis, massas e biscoitos, franquia de varejo e moda e casas de materiais de construção. Por sua vez, elas possuem 250 mil empreendedores de pequeno e médio porte como clientes, que recebem uma atenção especial por parte da startup, uma vez que enfrentam maiores dificuldades para obter recursos.

A estimativa era transacionar cerca de R$ 500 milhões no segundo semestre. Mas a companhia deve chegar lá antes, em outubro ou novembro. Para o próximo ano, a ideia é movimentar até cinco vezes mais, ou seja, cerca de R$ 2,5 bilhões. “Estamos operando acima do que tínhamos planejado, atendendo uma demanda que só esperávamos receber no início de 2022”, diz Echenique.

A estratégia de manter sob sigilo os recursos recebidos e o valor de mercado da startup é, segundo ele, para manter o foco em solucionar as dores do mercado. “Todo mundo está preocupado em fazer a maior captação Série B ou C. A gente não quer perder o ‘olho na bola’, a capacidade de gerar receita e a maneira de trazer gente boa. Queremos passar uma mensagem que muito mais do que o valuation, nós somos frutos da mudança do Banco Central”, afirma.

Com sede em São Paulo, a Canary tem entre seus fundadores Florian Hagenbuch e Mate Pencz, criadores da Loft, Patrick de Picciotto, CEO da BRE Capital, gestora voltada para Equity, Real Estate e Tecnologia baseada em Nova York (EUA), e Marcos Toledo, ex-JP Morgan. Além da própria Loft, o fundo já investiu em empresas como Alice, Caju, Shopper, Terra Magna, EmCasa e Buser.

"As habilidades demonstradas por Bernardo e Henrique em sua trajetória bem-sucedida nos atraíram muito. Eles foram o time que mais nos impressionou em termos de conhecimento do mercado de arranjo de pagamentos, e também pela forma como estão atacando essa oportunidade. Acreditamos que é uma área que oferece grande potencial não só para a construção de um negócio relevante, mas também para ajudar a economia brasileira", afirmou Marcos Toledo, sócio da Canary, em comunicado.

“Desde as primeiras interações com o time da Marvin, foi notória a expertise, a tecnologia e o quanto estão preparados nesse mercado. Isso me fez escolher investir neles. Acredito que essa parceria vai ter muito sucesso e frutos para o ecossistema como um todo”, declarou, em nota, o investidor Eduardo Gouveia.