Por g1


Seleção desembarcando em Caracas, na Venezuela, em 6 de outubro, pela empresa GCA — Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação

Os jogadores da Seleção Brasileira de futebol masculino voaram na Colômbia com uma empresa aérea de capital venezuelano que está sob monitoramento das autoridades, informou reportagem do jornal colombiano "El Tiempo" publicada nesta terça-feira (19).

De acordo com a publicação, os jogadores voaram em um Boeing 737 da Companhia Gran Colombia de Aviación (GCA Airlines) de Bogotá a Caracas, em 6 de outubro. No dia seguinte, a Seleção enfrentaria a Venezuela pelas Eliminatórias da Copa antes de retornar à Colômbia.

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A empresa escolhida, porém, está sob monitoramento das autoridades colombianas. Veja por quê, segundo o jornal "El Tiempo":

  • Falta de pagamento de salários, colocando em dificuldade seus mais de 120 funcionários
  • Relação de um dos sócios com o governo de Nicolás Maduro na Venezuela

Leia mais detalhes abaixo:

Falta de pagamento

A Aerocivil, autoridade de aviação civil na Colômbia, encontrou constantes descumprimentos no pagamento de salários. Alguns dos funcionários da GCA Airlines relataram ficar mais de um mês sem receber dinheiro.

Em comunicado, o órgão colombiano disse que esse problema "colocava em risco o desenvolvimento das atividades aeronáuticas" da GCA Airlines e afirmou que a empresa "não demonstrava capacidade financeira".

Isso levou a agência colombiana a suspender temporariamente a operação da companhia, afetando inclusive o voo com a Seleção. Porém, em apenas 12 horas, a GCA conseguiu autorização para que uma de suas aeronaves levasse a equipe brasileira.

Relações com o chavismo

A GCA, formalmente, tem sede na cidade colombiana de Cali, mas guarda laços próximos com a Venezuela. A empresa é afiliada da companhia Avior, que não pode voar para os Estados Unidos por causa das relações com o regime chavista, nem para a União Europeia, que cita deficiências na seguranças. Além disso, o fundador da Avior, Jorge de Jesús Añez Dáger, é sócio majoritário da GCA.

A Avior tem dois acionistas bastante ligados ao chavismo: os venezuelanos Carlos Kauffmann e Moisés Maionica, segundo tribunais federais. Os dois foram enviados por Hugo Chávez em meados da década de 2000 para entregar uma maleta com US$ 800 mil à campanha da então candidata a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, atual vice-presidente do país.

O que diz a empresa?

Ao jornal "El Tiempo", Andrés Botero, representante da GCA, diz que a empresa é privada e que o fato de Añez Dáger, fundador da Avior, ser o maior acionista se deve ao fato de que o investidor é um "reconhecido empresário no setor aeronáutico".

Botero alega também que a falta de dinheiro que vem impedindo os cumprimentos dos contratos são fruto da pandemia de coronavírus, que atingiu todo o setor aéreo. Disse ainda que a empresa está em dia com as dívidas com os empregados e que até estão em busca de aeronaves mais modernas.

Em relação ao voo com o Brasil, a companhia afirmou que o contrato foi feito por uma terceira parte. O nome não foi revelado.

O g1 procurou a assessoria de imprensa Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para mais informações sobre a escolha da empresa aérea. Até a última atualização deste texto, não havia resposta.

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