Por Jornal Nacional


Inquérito investiga se Wassef cometeu fraude ao registrar como escritório de advocacia a casa onde abrigou Queiroz

Inquérito investiga se Wassef cometeu fraude ao registrar como escritório de advocacia a casa onde abrigou Queiroz

O Jornal Nacional teve acesso ao inquérito que investiga se o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, cometeu fraude ao registrar como escritório de advocacia a casa onde abrigou Fabrício Queiroz. A única funcionária ouvida até agora afirma que só começou a trabalhar no escritório depois do início da investigação.

O inquérito apura se Frederick Wassef mantinha um escritório de fachada em Atibaia. A placa no muro da casa traz o nome dele e da sócia. Neste endereço, policiais prenderam Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, em junho de 2020.

O Ministério Público do Rio investiga se Queiroz operou um esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual. Frederick Wassef atuou como advogado de Flávio Bolsonaro no caso.

A suspeita é de que Queiroz estivesse vivendo lá para dificultar que fosse preso, porque escritórios de advocacia são invioláveis em algumas circunstâncias.

Na investigação de falsidade ideológica, a polícia ouviu depoimentos de Wassef, da sócia e outras quatro pessoas: todas testemunhas de defesa.

Giovanna Lopes da Fonseca se apresentou como secretária de Wassef. Declarou que trabalhava no escritório, mas, no inquérito, não há qualquer documento que indique as datas de contratação ou demissão. Por telefone, Giovanna disse que prestou depoimento ao lado de Wassef. Ela se contradisse sobre datas e afirmou que foi contratada só depois que a polícia começou a investigar o escritório.

Giovanna: Não me recordo a data exata, mas acho que foi março... Até agora há pouco.

Repórter: Mas março de que ano você entrou?

Giovanna: De 2021.

Repórter: Março de 2021. Foi agora então?

Giovanna: Ah, não, 2020, desculpa.

Repórter: Então, quando o Fabrício Queiroz ficou lá, aquele período, você também estava lá?

Giovanna: Não, eu... Eu entrei um pouquinho depois do que aconteceu com o Fabrício Queiroz. Se eu não me engano, acho que foi 1º de agosto.

Outra testemunha, o comerciante Willian Tanus Facci, disse à polícia que é cliente de Wassef há mais de dez anos e que sempre foi atendido no escritório de Atibaia. No inquérito, não há documentos que comprovem a prestação de serviços. O comerciante não quis dar entrevista.

Cintia Ferreira de Lima declarou que a mãe dela é cliente de Wassef. Por telefone, a mãe de Cintia, Rose Lima, confirmou que esteve com o advogado em Atibaia, mas não soube dizer quando.

Frederick Wassef mandou nesta quinta-feira (29) ao Jornal Nacional um vídeo negando irregularidades.

“Sou vítima do crime de denunciação caluniosa. Todas as contas estão em nome do meu escritório, continuo atendendo no referido endereço e ali continuarei a atender os meus clientes”, afirma o advogado Frederick Wassef.

Depois de um ano, o inquérito continua em andamento. Até esta quinta-feira (29), a polícia não ouviu Fabrício Queiroz, nem a advogada Ana Flávia Rigamonti, que conviveu com ele na casa de Atibaia, nem o caseiro, que também morava lá. Também não foram ouvidos policiais e promotores que participaram da prisão de Queiroz.

Num documento encaminhado à polícia, a OAB informou que o único endereço profissional registrado por Frederick Wassef fica na cidade de São Paulo.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo declarou que faltam depoimentos por carta precatória para encerrar a investigação.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!