Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília


'Pra mim, no Brasil não existe racismo', diz Hamilton Mourão sobre agressão a negro no RS

'Pra mim, no Brasil não existe racismo', diz Hamilton Mourão sobre agressão a negro no RS

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira (20) que no Brasil "não existe racismo".

Ele deu a declaração ao comentar o caso de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos – homem negro espancado e morto por dois seguranças de uma loja do supermercado Carrefour na noite desta quinta (19) em Porto Alegre.

Mourão classificou a morte como "lamentável" e disse que o caso é de uma "segurança totalmente despreparada".

Questionado repetidas vezes pelos jornalistas, o vice-presidente negou que o crime possa ter sido motivado por questões raciais.

"Lamentável, né? Lamentável isso aí. Isso é lamentável. Em princípio, é segurança totalmente despreparada para a atividade que ele tem que fazer [...] Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui", afirmou Mourão.

Um dos repórteres ainda insistiu na pergunta, pedindo que Mourão confirmasse que não acredita na existência de racismo no país.

'Pra mim, no Brasil não existe racismo', diz Hamilton Mourão sobre agressão a negro no RS

'Pra mim, no Brasil não existe racismo', diz Hamilton Mourão sobre agressão a negro no RS

"Não, eu digo para você com toda a tranquilidade: não tem racismo aqui", repetiu.

Mourão foi perguntado em seguida, mais uma vez, se o assassinato de João Alberto Freitas não teria algum componente racial. E respondeu:

"Eu digo para vocês o seguinte, porque eu morei nos EUA: racismo tem lá. Eu morei dois anos nos EUA, e na escola em que eu morei lá, o 'pessoal de cor' andava separado. Eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, era adolescente e fiquei impressionado com isso aí. Isso no final da década 60", disse.

Homem negro é espancado até a morte em supermercado do grupo Carrefour em Porto Alegre

Homem negro é espancado até a morte em supermercado do grupo Carrefour em Porto Alegre

"Mais ainda, o pessoal de cor sentava atrás do ônibus, não sentava na frente do ônibus. Isso é racismo. Aqui não existe isso. Aqui você pode pegar e dizer é o seguinte: existe desigualdade. Isso é uma coisa que existe no nosso país", prosseguiu Mourão.

Fundação Palmares

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, também afirmou nesta sexta, por meio de uma rede social, que não há "racismo estrutural" no Brasil. Para Camargo, o racismo no Brasil é "circunstancial".

Órgão do governo federal, a fundação tem como atribuição preservar valores da cultura negra.

"Não existe racismo estrutural no Brasil; o nosso racismo é circunstancial — ou seja, há alguns imbecis que cometem o crime. A 'estrutura onipresente' que dia e noite oprime e marginaliza todos os negros, como defende a esquerda, não faz sentido nem tem fundamento", escreveu o presidente da fundação.

Imagens mostram homem sendo agredido em supermercado de Porto Alegre

Imagens mostram homem sendo agredido em supermercado de Porto Alegre

Crime em supermercado

O soldador João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, negro, foi espancado até a morte por dois seguranças brancos em uma unidade do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, na noite desta quinta-feira (19).

As imagens da agressão foram gravadas e circulam nas redes sociais (veja vídeo acima; as imagens são fortes).

Os dois suspeitos, um de 24 anos e outro de 30 anos, foram presos em flagrante.

Um deles é o policial militar Giovani Gaspar da Silva e foi levado para um presídio militar. O outro é o segurança da loja Magno Braz Borges e está em um prédio da Polícia Civil.

A investigação trata o crime como homicídio qualificado. O Carrefour e a polícia não divulgaram os nomes dos agressores.

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