Política

Ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier morre vítima da covid-19

Ele estava internado há mais de um mês, em um hospital na Tijuca
Ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier morre vítima da covid-19 Foto: Guilherme Pinto/ Arquivo O Globo
Ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier morre vítima da covid-19 Foto: Guilherme Pinto/ Arquivo O Globo

RIO — O ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier, 71 anos, morreu na manhã deste domingo em decorrência de complicações da Covid-19. Ele estava internado há mais de um mês, em um hospital na Tijuca. Nas redes sociais, Felipe Bornier, filho do ex-prefeito, deixou uma mensagem de despedida do pai. A prefeitura de Nova Iguaçu decretou luto oficial de três dias.

"Pai, Você será para sempre o meu herói e minha maior referência.Você vai fazer muita falta principalmente pelo exemplo de homem que foi.Pai, a sua memória e a sua história serão sempre repetidos com amor, carinho e respeito. Você continuará eternamente presente em nossas vidas e em nossos corações. Vá em paz e daí de cima olhe por nós Te amo. #novaiguaçu #nelsonbornier".

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Nelson Bornier foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1990 e foi reeleito para mais quatro mandatos seguidos. Entrou na câmara pelo PL, mas depois passou pelo PSDB, voltou ao PL para terminar no MDB.

Em outubro de 1994, com o apoio de prefeitos da Baixada Fluminense e de municípios vizinhos, foi o quarto deputado mais votado do estado. No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) anulou a eleição, devido à grande quantidade de votos em branco, e convocou novo pleito em novembro, quando Bornier foi confirmado no cargo. No mês seguinte, desligou-se do PL e ingressou no PSDB. Em fevereiro de 1995, assumiu o segundo mandato, licenciando-se imediatamente, para se manter no cargo de secretário Especial da Baixada Fluminense e Municípios Adjacentes, do governo de Marcelo Alencar. Em 1996, renunciou ao cargo para assumir pela primeira vez a Prefeitura de Nova Iguaçu no ano seguinte.

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Em 2000, ainda pelo PSDB, Bornier foi reeleito para a prefeitura, mas renunciou e deixou o cargo com seu vice,  pouco mais de um ano do segundo mandato, para tentar novamente uma cadeira na Câmara dos Deputados, agora de novo pelo PL. Foi eleito em 2002 e reeleito em 2006, a última vez pelo MDB.

Em 2008, concorreu mais uma vez à Prefeitura de Nova Iguaçu envolto em briga judicial após ter sido declarado inelegível pelo Superior Tribunal Federal, porque as contas do seu último governo foram reprovadas pela  Câmara dos Vereadores. Bornier, porém, concorreu mesmo assim, mas foi derrotado pelo candidato do PT, Lindberg Farias.

Nas eleições de 2010, foi novamente candidato a uma vaga de deputado federal pelo PMDB, mas os 72.352 votos lhe renderam a suplência. Com a licença do titular, deputado Pedro Paulo, que assumiu cargo na prefeitura do Rio de Janeiro, foi empossado na Câmara em Fevereiro de 2011.

No ano seguinte, licenciou-se mais uma vez do cargo para concorrer nas eleições em Nova Iguaçu, em que que derrotou  Sheila Gama (PDT). No primeiro mês do novo mandato em 2013, duas medidas adotadas ganharam destaque na imprensa: o fechamento da sede da prefeitura, sob a alegação de falta de condições de trabalho e endividamento; e, a aprovação de um aumento de até 102% para membros do poder executivo e legislativo municipais. Em 2016, o então prefeito voltou ser criticado após sansionar lei em que proibia o uso de qualquer material didático contendo orientações sobre diversidade sexual nas escolas do município.

Em dezembro de 2015, foi alvo de operação da Polícia Federal no âmbito da Lava-Jato. As investigações miravam o ex-presidente da câmara Eduardo Cunha, aliado de Bornier. A polícia estave na casa dele na Barra da Tijuca, no Rio, para cumprir mandado de busca e apreensão. Na ápoca, mesmo no cargo de prefeito, ele não morava em Nova Iguaçu.

Bornier também aparece em uma ligação suspeita com o  empresário Luiz Roberto Martins Soares, preso na Operação Favorito em maio de 2020, considerado responsável por superfaturar a compra de refeições para UPAs da capital e da Baixada Fluminense. A conversa com Martins levanta suspeitas sobre a participação do ex-prefeito no esquema de desvio de dinheiro público de Organizações Sociais da Saúde do governo do estado no governo Wilson Witzel. Bornier sempre negou todas as suspeitas.

Nelson Bornier nasceu em 14 de janeiro de 1950, em Nova Iguaçu, e formou-se em direito pela faculdade de Valença. Casou-se com Lucir Leone Bornier de Oliveira, com quem teve dois filhos. Um deles, Felipe Bornier, seguiu a carreira do pai, foi eleito deputado federal e chegou a ocupar a secretaria de Esportes de Witzel.