02/10/2013 21h06 - Atualizado em 02/10/2013 23h17

Manifestantes jogam tinta e picham o Monumento às Bandeiras

Grupo participava de protesto dos índios que começou na Avenida Paulista.
Escultura já havia sido pichada durante manifestação nesta terça-feira (1º).

Marcelo MoraDo G1 São Paulo

Tinta vermelha é jogada no Monumento às Bandeiras durante ato em SP (Foto: Marcelo Mora/G1)Tinta vermelha é jogada no Monumento às Bandeiras durante ato em SP (Foto: Marcelo Mora/G1)

Manifestantes jogaram tinta vermelha e picharam a frase "bandeirantes assassinos" com tinta branca no Monumento às Bandeiras, em frente ao Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, na noite desta quarta-feira (2). Os autores do vandalismo contra o monumento participavam do protesto dos índios, que começou por volta das 17h30 na Avenida Paulista. Às 21h, os manifestantes deram um abraço simbólico no monumento.

A obra do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret já havia sido pichada em um protesto na noite desta terça-feira (1º) contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, mesmo motivo da manifestação desta quarta-feira. Na base da escultura já havia sido escrita a mesma frase: "bandeirantes assassinos", além de uma citação ao nome do projeto.

Pichação feita em escultura durante ato desta quarta-feira (Foto: Marcelo Mora/G1)Pichação feita em escultura durante ato desta
quarta-feira (Foto: Marcelo Mora/G1)

Centenas de índios protestaram nesta quarta contra projeto, que pode mudar a demarcação de terras índígenas no país. Após bloquear a Avenida Paulista por cerca de uma hora e trinta minutos, o grupo desceu a Avenida Brigadeiro Luís Antônio rumo ao Ibirapuera. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) pede que os motoristas evitem a região.

A PEC 215 tira do governo federal a autonomia na demarcações de terras. Outro ato foi realizado em Brasília, em frente ao Congresso Nacional. Em São Paulo, os manifestantes se reuniram inicialmente no vão livre do Masp às 17h.

Depois, bloquearam a pista que segue para a Consolação e, em seguida, o sentido Paraíso. Segundo a Polícia Militar, cerca de 800 pessoas participam da manifestação em São Paulo nesta quarta-feira.

Tumulto e detido
Por volta das 18h10, houve um princípio de tumulto na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Policiais prenderam um manifestante que resistiu à prisão após uma abordagem. Na mochila dele, foram encontrados quatro latas de spray, segundo a PM. Ele foi encaminhado ao 78º distrito de polícia, nos Jardins. Houve correria. Um grupo cercou o carro da PM para evitar a prisão.

Os índios seguiram o protesto, sem se envolver com a confusão. O detido foi colocado no carro da PM sob os gritos de "solta, solta" e levado para a delegacia.

De acordo com os manifestantes, o objetivo é protestar contra o que vêem como ataque aos direitos territoriais dessas populações. O ato é contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que tramita na Câmara dos Deputados. O texto é alvo de críticas dos índios e organizações não-governamentais porque retira do governo federal a autonomia para demarcar terras indígenas, de quilombolas e zonas de conservação ambiental.

Pelo texto, caberá ao Congresso Nacional aprovar proposta de demarcação enviada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Atualmente, o Ministério da Justiça edita decretos de demarcação a partir de estudos feitos pela Funai.

Na semana passada, índios bloquearam por cerca de uma hora a Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, contra a PEC. Em uma das faixas carregadas pelo grupo estava escrito "Guarani resiste - Demarcação já!". Os indígenas ameaçaram com arcos e flechas os motociclistas que tentaram furar o bloqueio. Apesar da tensão, não houve confrontos.

Monumento
O monumento pichado em São Paulo é feito de granito, um material poroso. A escultura foi inaugurada em 1953 e é popularmente conhecida popularmente como "Empurra-empurra" ou "Deixa que eu empurro".  A obra é uma homenagem às expedições, conhecidas como bandeiras, que partiram de São Paulo rumo ao interior do Brasil.

Os bandeirantes, responsáveis por iniciar o povoamento de parte do território brasileiro sobretudo nos séculos 17 e 18, chegaram a usar o aprisionamento dos índios nas próprias bandeiras e também como mão de obra nos assentamentos. Por isso, a obra ter sido alvo de vandalismo.

A obra de Brecheret representa um grupo empurrando uma canoa. Além do bandeirante português, estão representados no conjunto o índio, o mameluco e o negro.

Faixa com a mensagem "Guarani resiste" à frente de manifestantes na Paulista (Foto: Marcelo Mora/ G1)Faixa com a mensagem "Guarani resiste" à frente de manifestantes na Paulista (Foto: Marcelo Mora/ G1)
Índio protesta no vão livre do Masp (Foto: Marcelo Mora/ G1)Índio protesta no vão livre do Masp (Foto: Marcelo Mora/ G1)
Indios protestam na pista sentido Consolação da Paulista  (Foto: Marcelo Mora/ G1)Indios protestam na pista sentido Consolação da Paulista (Foto: Marcelo Mora/ G1)

 

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