Por Joana Caldas, g1 SC


Grupo da Apae de São Paulo se apresenta no Festival de Dança de Joinville

Grupo da Apae de São Paulo se apresenta no Festival de Dança de Joinville

O Festival de Dança de Joinville, no Norte catarinense, tem uma participação inédita em 2021. Pela primeira vez, alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) estão se apresentando no evento. "É adrenalina pura", descreve o dançarino Danilo da Silva Ramos, de 24 anos.

Ele veio do Mato Grosso do Sul com outros oito alunos que se apresentaram no domingo (10). Estudantes de mais cinco estados também participam.

Apresentação do grupo de Mato Grosso no Festival de Dança de Joinville 2021 — Foto: Apae Brasil/Divlgação

Evento nacional

O ponto de partida para que as apresentações no Festival de Dança de Joinville se concretizassem começou em 2019, em no Festival Nacional Nossa Arte de 2019, provido pela Rede Apae Brasil em Manaus com estudantes que possuem alguma deficiência intelectual.

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O coordenador nacional de Arte e Cultura da Apae Brasil, Sérgio Feldhaus, explica que a presidência da instituição estava em conversas em 2019 com o Festival de Dança de Joinville para que os grupo melhores colocados no Festival Nacional Nossa Arte se apresentassem no evento catarinense.

"Não aconteceu por causa da pandemia, mas abriu novamente uma oportunidade", diz Feldhaus.

Apresentação de alunas da Apae no Festival de Dança de Joinville 2021 — Foto: Apae Brasil/Divulgação

As apresentações com alunos da Apae ocorreram na quinta (7) e no domingo. Eles também vão dançar na quarta (13). Foram selecionados os grupos classificados em primeiro, segundo e terceiro lugares nas categorias de dança clássica e folclórica do Festival Nacional Nossa Arte de 2019.

Os conjuntos que participam em Joinville são dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí, Rondônia e São Paulo.

'É ótimo dançar'

O dançarino Danilo acabava de se apresentar no palco da Feira da Sapatilha no fim da manhã de domingo quando conversou com o g1. Ele conta que dança há 16 anos.

"É ótimo dançar. Esfria a cabeça, distrai um pouco. É uma distração", afirma.

Ele já havia participado de outros festivais, mas estava na expectativa para se apresentar em Joinville. "É um sonho vir pra cá", diz.

O grupo dele é da cidade de Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul. Danilo conta que ele e os colegas devem ficar em Joinville até quarta (13), onde verão apresentações de outros dançarinos.

Passeio a parque e inclusão

Os custos para a viagem dos alunos ao festival catarinense são financiados pela Federação Nacional das Apaes, como transporte, hospedagem e alimentação, conforme Feldhaus.

Todos os grupos que se apresentam no festival catarinense, no dia seguinte também fazem um passeio a um parque de diversões em Penha, cidade a cerca de 60 quilômetros de Joinville.

Grupo de Mato Grosso do Sul chega ao Festivel de Dança de Joinville. Danilo é o quarto estudante da esquerda para direita, de jaqueta azul. Wagner é o de jaqueta preta — Foto: Apae Brasil/Divulgação

"Muitos estão viajando pela primeira vez na vida, participando de um grande palco pela primeira vez, conhecendo um lazer diferente, um [Parque] Beto Carrero. É uma oportunidade única. Envolve o artista com deficiência e as famílias, que se engajaram para preparar as malas e os corações para os deixarem ir", conta Feldhaus.

Os dançarinos viajam com professores e coreógrafos. O coordenador afirma que a experiência faz bem para os alunos.

"A dança em si traz muitos benefícios cognitivos, de conhecer o próprio corpo, direita e esquerda, frente e trás. Também para a pessoa com deficiência tem a parte de ser incluído em eventos em que a maioria da sociedade faz parte. Dançar é para o ser humano. Antes de ser pessoa com deficiência, é uma pessoa. Dançar também tem a parte como cidadão. O artista, lá na frente, pode ser dançarino profissional", afirma.

Wagner Jorge Rodrigues, que é professor de educação especial e fez a coreografia da dança do grupo de Mato Grosso do Sul, também destaca os benefícios para os estudantes. "O trabalho das Apaes com arte e cultura é um trabalho de total importância na vida da pessoa com deficiência. O festival mostra que eles realmente são capazes", diz.

"A dança traz autonomia. Possibilita viajar, conhecer pessoas novas, ser tratado como igual. Aqui não são tratados como diferentes, são tratados de igual para igual", afirma Rodrigues.

Para Feldhaus, as apresentações dos estudantes da Apae no Festival de Dança de Joinville não devem ficar só em 2021. "A gente vai procurar participar sempre. Quem sabe um dia na mostra competitiva", diz.

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