Por SP2 — São Paulo


Teste em 15 escolas do estado mostram 51 casos de Covid-19

Teste em 15 escolas do estado mostram 51 casos de Covid-19

O resultado do inquérito epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo aponta que cerca de 50 pessoas, entre alunos e servidores de escolas estaduais, tiveram Covid-19 desde 15 de outubro, uma semana depois que as escolas reabriram para atividades de acolhimento e recuperação. Na capital, uma escola particular no Morumbi, na Zona Oeste, chegou a suspender aulas do ensino médio por causa de um surto da doença entre estudantes.

Educadores avaliam que casos pontuais de Covid-19 em algumas escolas não devem ser motivo para impedir a volta às aulas presenciais. Segundo Claudia Costin, diretora de políticas educacionais da FGV, dos 192 países que fecharam escolas, mais de dois terços já retomaram as aulas presenciais.

Segundo a secretaria estadual da Educação, não houve registro de transmissão do vírus dentro do ambiente escolar. Ao todo, 1.400 escolas estaduais já retomaram as atividades em todo estado – 500 delas só na capital. Nenhuma escola estadual foi fechada após a reabertura.

Profissional de saúde realiza teste do tipo RT-PCR para identificar o coronavírus entre alunos e servidores na Escola Estadual Culto à Ciência em Campinas, no interior de São Paulo — Foto: Denny Cesare/Estadão Conteúdo

Surto em escola particular

A escola Graded, no Morumbi, reabriu as portas para aulas presenciais para o ensino médio no começo do mês de novembro. Seis dias depois, os alunos tiveram que voltar pra casa: em um único dia, os pais de seis estudantes informaram o colégio que os filhos estavam com Covid-19. Na mesma época, 17 professores tiveram que fazer testes para o coronavírus. Todos os demais alunos do ensino médio tiveram que apresentar teste negativo da Covid-19 para entrar na escola.

A direção diz que uma semana antes ocorreram três grandes festas, fora da escola, e que cem alunos participaram da maior delas, com cerca de 400 pessoas. Outros cinquenta estudantes do ensino médio estavam juntos em outra comemoração. Para a direção, os grupos colocaram em risco a saúde e a segurança dos funcionários e demais alunos da escola.

Escola Graded, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo, suspende aulas após surto de Covid-19. — Foto: Reprodução/TV Globo

O presidente do sindicado das escolas particulares disse que o surto na escola foi um caso isolado. Segundo ele, cerca de 90% das mais de 2.300 escolas particulares que retornaram as aulas presenciais no ensino médio seguem os protocolos de segurança e não registraram problemas.

"A escola tá trabalhando de 8 a dez alunos em sala de aula. Eu não vejo lugar mais seguro do que na própria escola. Na segunda onda na Europa, estão fechando bares, restaurantes, mas escola tá aberta. Então a escola tem que ser considerado um produto de primeira necessidade", diz Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEEESP).

Quarentena é prorrogada até 16 de dezembro em SP após aumento de internações

Quarentena é prorrogada até 16 de dezembro em SP após aumento de internações

Aumento de internações

O governo estadual admitiu nesta segunda-feira (16) que ocorre um aumento nas internações por Covid-19 no estado. Na última semana epidemiológica, que vai do dia 8 ao dia 14 de novembro, as internações de casos suspeitos e confirmados da doença cresceram 18% em relação à semana anterior: a média diária das novas internações subiu de 859 para 1.009.

O Plano São Paulo, que regulamenta os estágios da quarentena nas diversas regiões do estado, estabelecendo medidas mais duras ou leves de acordo com os indicadores de saúde de cada local, não será atualizado nesta semana. Segundo o governo, a mudança não será feita por conta da falha nos dados do Ministério da Saúde que impactou os dados de mortes por Covid-19 em SP na última semana. São esses indicadores que determinam as fases da quarentena em cada região.

Nesta segunda-feira, o estado chegou a 40.576 mortes por coronavírus no total e 1.169.377 casos confirmados da doença desde o início da pandemia. O total de casos novos por semana, que estava em queda, ficou estável no estado de SP em relação à semana anterior.

Homem internado em hospital de São Paulo em meio à pandemia do coronavírus — Foto: Reuters/Amanda Perobelli

Segundo o secretário de saúde estadual, Jean Gorinchteyn, se os indicadores de saúde continuarem a crescer, medidas mais restritivas na quarentena poderão ser adotadas.

“Se nós tivermos índices aumentados, seguramente, medidas muito mais austeras e restritivas serão realizadas no sentido de continuarmos a garantir vidas. É assim que o faremos”, afirma Jean.

Já o governador João Doria (PSDB), afirma que a reclassificação da quarentena foi adiada por "cautela".

"A falta de informações sobre casos e óbitos durante 6 dias da semana passada, causada por uma pane no sistema do ministério da saúde [...] afetou a normalização dos dados em todo o Brasil, e aqui em São Paulo em especial. Por esta razão estamos adiando a atualização do Plano São Paulo para o dia 30 de novembro. É uma medida de cautela e que demonstra a nossa responsabilidade em não alterar a qualificação dos estados sem ter todos os indicadores disponíveis", diz Doria.

Governo negava aumento

Funcionários do hospital Igesp, na Bela Vista, região central de São Paulo, atendem paciente internado com coronavírus (Covid-19) — Foto: Divulgação/Igesp

Na semana passada, médicos de 14 hospitais já haviam alertado para o aumento de internações por Covid-19 na rede privada da cidade de São Paulo. No entanto, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, negou na quinta-feira (12) que os números estivessem subindo.

"Todas as internações que acontecem no estado de São Paulo, seja no ambiente público, seja no ambiente privado, são notificadas para os nossos órgãos reguladores dentro da secretaria de estado da Saúde. Então nós trabalhamos com números oficiais. Estes números oficiais não revelam o que foi exposto pela mídia", disse na ocasião.

Além do relatos da rede privada na capital, dados oficiais divulgados pelo governo do estado para todo o sistema de saúde na Grande São Paulo já apontavam para aumento na média móvel de internações em novembro, em comparação a outubro.

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), também negou que as internações estivessem subindo.

"O que nós temos são alguns dados específicos de alguns hospitais privados, que recebem inclusive muita gente de fora de São Paulo, então portanto isso não reflete a evolução da pandemia na cidade. Os números agregados da cidade de São Paulo mostram que não há nenhum recrudescimento da doença. A gente continua a abaixar os índices aqui”, afirmou na sexta-feira (13).

Em nota, o governo de São Paulo disse que "na coletiva de imprensa na última quinta-feira (12), fora esclarecido que ainda era precoce falar em aumento, pois os dados globais da rede de saúde ainda não indicavam este cenário, sendo dever da Secretaria de Estado da Saúde monitorar e analisar tecnicamente dados reportados à pasta antes de qualquer divulgação, prezando pela veracidade, precisão e transparência nas informações".

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