O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Carlão Pignatari (PSDB), disse nesta quinta-feira (28), que o governo de São Paulo não irá sancionar o projeto de lei que acaba com a meia-entrada para estudantes e idosos, aprovado nesta quarta (27) pela Casa.
"Eu acho que foi um equívoco aprovar um projeto desse, porque existe uma lei federal que regulamenta, o estado não pode regulamentar esse tipo de benefício ou não. Então, eu vejo que foi um equívoco e eu tenho certeza que a procuradoria jurídica do Palácio vai determinar o veto desse projeto de lei", afirmou ele em entrevista ao Bom Dia SP nesta manhã.
Governador em exercício, Carlão disse que vetará o PL, caso receba a proposta enquanto estiver à frente do cargo. Ele assumiu o governo do estado em função da viagem de João Doria (PSDB) e do vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), ao exterior.
"Se mandar para mim, eu já faço o veto imediatamente, se for essa a determinação, mas eu creio que só chega semana que vem no Palácio", afirmou o deputado.
De autoria do deputado Arthur do Val (Patriotas), a proposta acaba com a meia-entrada em categorias específicas no estado.
O texto aprovado diz que a meia-entrada em eventos artísticos, cinema, dentre outros, hoje reservada a apenas algumas categorias, como idosos e estudantes, passa a ser válida "a todas as pessoas com idades entre 0 e 99 anos".
Na prática, porém, o projeto prevê o fim do benefício, já que a meia-entrada passaria, automaticamente, a ser o preço padrão cobrado pelas bilheterias.
O texto do PL pede o fim da meia-entrada para grupos específicos como estratégia para eliminar o benefício.
Segundo o deputado Arthur do Val, a lei foi um pedido do setor artístico.
"Na verdade, quando você garante a meia-entrada para todo mundo, você não tem meia-entrada na prática."
Contrário ao PL, o deputado Carlos Giannazi, do PSOL, afirma que a proposta não poderia ter sido aprovada. "É inconstitucional, bizarro e patético."
Na avaliação dos deputados petistas, o PL fere o estatuto do idoso e só foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que é presidida pelo PSDB, por conta de acordos entre o deputado e a base para obter votos favoráveis aos projetos do governador.
Veja como foi a votação
O projeto recebeu votos contrários das bancadas do PT, PSOL, da deputada Janaína Paschoal (PSL) e do deputado Douglas Garcia (PTB).
Os demais - e maioria - não se manifestaram e o projeto foi aprovado no que é chamado no regulamento da Casa de "aprovação por aclamação".
DEPUTADOS QUE FORAM CONTRÁRIOS AO PL:
- Janaína Paschoal (PSL)
- Douglas Garcia (PTB)
Bancada PSOL
- Carlos Giannazi
- Erica Malunguinho
- Isa Penna
- Raul Marcelo
Bancada PT
- Dr. Jorge do Carmo
- Emidio de Souza
- Enio Tatto
- José Américo
- Luiz Fernando T. Ferreira
- Márcia Lia
- Maurici
- Paulo Fiorilo
- Professora Babel
- Teonilio Barba
Lei federal
O direito à meia-entrada para categorias específicas é previsto em leis federais, como o Estatuto do Idoso, que garante o direito a idosos com mais de 60 anos, e uma outra norma que regulamenta a meia-entrada a pessoas com deficiência e estudantes.
Segundo o projeto aprovado pelo Legislativo paulista, fica assegurado a todas as pessoas com idade de 0 a 99 anos "o acesso, mediante o pagamento da metade do preço do ingresso efetivamente cobrado do público em geral, a salas de cinema, cineclubes, teatros, espetáculos musicais e circenses, eventos educativos, esportivos, de lazer e de entretenimento ou similares, promovidos por quaisquer entidades, públicas ou privadas, realizados em estabelecimentos públicos ou particulares".
O direito "não é cumulativo com outros benefícios que garantam desconto ou gratuidade".
"Foi o setor de eventos que me pediu, inclusive, me fez cartas de apoio de que queria a aprovação desse PL porque, basicamente, quando você tem uma casa de show ou é produtor de eventos, você precisa ter previsibilidade de quanto vai arrecadar, e você só fica sabendo disso sabendo quanto pode cobrar de ingresso", afirma Do Val.