Política
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Por Cibelle Bouças — De Belo Horizonte


Carlos Viana: “o meu partido em Minas não quer a minha candidatura, eu reconheço. Porque cheguei na última hora” — Foto: Cristiano Mariz/O Globo - 26/5/2022
Carlos Viana: “o meu partido em Minas não quer a minha candidatura, eu reconheço. Porque cheguei na última hora” — Foto: Cristiano Mariz/O Globo - 26/5/2022

Terceiro colocado nas pesquisas eleitorais de candidatos ao governo de Minas Gerais, com 2% a 4% das intenções de voto, o senador Carlos Viana ainda não teve sua candidatura oficializada pelo PL. Em busca do melhor palanque possível para angariar votos no segundo maior colégio eleitoral do país, o partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda tenta fechar uma aliança com o Partido Novo, do atual governador Romeu Zema. Na eleição de 2018, o candidato à reeleição apoiou Bolsonaro.

Em entrevista ao Valor, Viana reconhece que não tem apoio de uma ala do partido, mas confia ser capaz de atrair votos de bolsonaristas que em 2018 votaram em Zema, bem como de evangélicos. “As pesquisas mostram claramente que eu retiro votos do Zema”, disse Viana.

O senador teceu várias críticas ao governador e ao Partido Novo. Viana disse que Zema não reorganizou as dívidas do Estado e adotou um Regime de Recuperação Fiscal que engessará a economia do Estado.

Em relação ao PT, principal alvo de críticas do PL e do Novo, Viana criticou o aparelhamento das estatais, endividamento das contas públicas e financiamentos no exterior para países com regimes totalitários, na opinião do senador.

A seguir os principais pontos da entrevista ao Valor:

Valor: A sua candidatura não foi oficializada na convenção do PL em Minas, na semana passada. Qual a situação da sua candidatura?

Carlos Viana: Quando o presidente me chamou no Palácio [da Alvorada] dia 2 de abril, último dia das filiações, eu estava filiado ao MDB. E o presidente deixou claro que Zema não queria, não havia sinalizado apoio em Minas Gerais, que o Partido Novo havia traído as negociações e lançaria chapa pura e ele estava disposto a aceitar o meu nome como pré-candidato. Mas teríamos que avaliar o cenário mineiro. Então, de lá para cá, continuo trabalhando com muita tranquilidade meu nome para o governo.

Valor: O presidente Bolsonaro chegou a dizer publicamente que estava disposto a retirar a sua campanha se fosse feita aliança com o Novo. Como o senhor recebeu isso?

Viana: Isso foi conversado desde o começo. O Novo tem ido praticamente uma vez por semana ao Palácio do Planalto pedir que eu seja retirado da disputa. O Novo acreditava que poderia ser eleito no primeiro turno. Depois percebeu que não. Eu conto com o apoio do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, do Flávio Bolsonaro, que é o filho do presidente, e do próprio presidente. As pesquisas mostram claramente que eu retiro votos do Zema. Daí a minha confiança em ir para o segundo turno com a ala de apoio ao presidente e a ala que me apoia muito, que são os evangélicos. Sou membro da Igreja Batista Lagoinha desde 1995.

Valor: Já existem nomes possíveis para vice-governador?

Viana: Essa decisão é partidária. Terá de ser um nome de consenso do partido.

Valor: Havia uma divisão no PL, uma ala era favorável a apoiar Zema e outra preferia chapa própria em Minas. Já existe consenso?

Viana: O meu partido em Minas não quer a minha candidatura, eu reconheço. Porque como cheguei na última hora, os acordos já estavam prontos. Mas se há algo que o Novo mentiu foi de que não faria acordos políticos. O Novo entregou a administração pública de uma forma absurda para os acordos políticos, inclusive com denúncias de que as negociações políticas eram feitas dentro do Palácio Tiradentes, o que é proibido por lei. Outra coisa, a verba publicitária que Minas vem investindo nesse tempo todo. Se for olhar em termos de números o governo não fez nada. Não reorganizou dívida. Colocou os salários dos servidores em dia porque o governo federal colocou muito dinheiro nos Estados e a arrecadação cresceu com a gasolina dobrando de preço e o ICMS em Minas de 32%. Agora vai para 18% o ICMS, se não for o Regime de Recuperação Fiscal, não haverá salário em dia de servidor. De onde virá o dinheiro se você não reorganizou dívida?

Valor: Em Minas, quais partidos apoiam candidatura do PL?

Viana: O PP vai apoiar quem o presidente pedir. Temos o Republicanos e partidos menores. O PSC, por exemplo, vai acompanhar o que o presidente decidir. A DC é outro partido que está com a gente. O que acontece agora é o seguinte, ou se é direita ou é esquerda. Ainda que eu não concorde com toda a questão da extrema direita, eu também não quero o PT de volta no poder. Os anos do PT foram marcados pelo aparelhamento das estatais, aumento do serviço público sem lastro, endividamento das contas públicas. Os investimentos feitos em Cuba, em ditaduras da África e na Venezuela, isso não é correto.

Valor: Em relação a Minas, quais são suas propostas?

Viana: A minha primeira posição é ajudar Minas Gerais a renegociar a dívida. O atual governo não teve capacidade ou competência para negociar politicamente com a Assembleia Legislativa e o Supremo [Tribunal Federal] deu uma decisão que, a meu ver, ultrapassa o limite do Judiciário. O segundo ponto é buscar um novo modelo de desenvolvimento. Minas depende perigosamente da mineração. É o momento de trabalharmos principalmente turismo e serviços. Minas Gerais tem 62% de todo o patrimônio histórico brasileiro catalogado. Essa é uma fonte de renda que não é bem aproveitada. Tenho trabalhado muito no Senado o apoio a arranjos produtivos locais, onde a gente possa trabalhar preservação e geração de renda. A gente precisa trabalhar a vocação de cada região.

Valor: O senhor pretende privatizar estatais?

Viana: Entendo que o modelo adotado no caso da Eletrobras é o mesmo que poder usado para a Cemig. Você mantém uma parte das ações no Estado, abre o capital, deixa de lado a regra de ouro e torna a empresa multi-societária. A questão da Copasa é mais complexa. Apenas 30% do esgoto em Minas é recolhido e tratado. Nós precisamos fazer com que isso dobre ou chegue pelo menos a 90%. Então, a Copasa é um caso mais difícil, precisa ser avaliado. Na questão da educação pública, uma das principais propostas é a profissionalização dos alunos, trabalhando o ensino médio por regiões. O ensino médio deve começar a formar profissionais para o mercado.

Valor: Minas fechará o ano com déficit de R$ 11,7 bilhões. Como equilibrar as contas do Estado?

Viana: No primeiro ano é uma reorganização da dívida junto ao governo federal. O Estado tem que entrar no Regime de Recuperação Fiscal. Mas o regime tem erros. O Rio de Janeiro adotou, mas ficou completamente engessado. Nós temos que fazer um novo projeto, mudando alguns pontos importantes. Por exemplo, a questão do engessamento das promoções dos servidores públicos. Isso faz com que em determinadas carreiras o Estado perca mão de obra e fique ineficiente.

Valor: O senhor considera que o Novo falhou ao não negociar projetos com a Assembleia?

Viana: O partido menosprezou a política. É esse o erro. Ele ganhou no momento em que a população estava insatisfeita com os partidos políticos e não conseguiu fazer o que a política tem de melhor que é a negociação, o acordo. É assim que se forma uma base em qualquer lugar do mundo. Você precisa trabalhar com a Assembleia, ou então vai ficar o tempo todo buscando decisões no Judiciário.

Valor: Há algum plano para aumentar a arrecadação?

Viana: Os auditores em Minas dizem que em alguns setores a sonegação chega a até 20%. O Estado tem que voltar a combater a sonegação. O segundo ponto é incentivar o setor de serviços. Benefício fiscal também pode ser usado para desenvolver áreas em que o Estado pode crescer.

Valor: Se o senhor e Lula vencerem, como será essa relação?

Viana: Eu acredito na reeleição do presidente Bolsonaro. A meu ver, a rejeição vem caindo muito rapidamente. Agora, não havendo essa reeleição, naturalmente a minha relação será institucional. Há uma dependência muito grande dos Estados em relação a Brasília. E essa relação passa pelo respeito. É o que eu espero.

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